A cultura da influência chega à universidade
MargeM 183 na área. A cultura da influência e a academia. Por que Kate Bush virou hit. The Informant. Borgen. E mais.
Todo mundo é ou quer ser influenciador ou criador. Essa situação está começando a ser discutida mais seriamente. Tipo:"A cultura da influência está em todos os lugares - até nas universidades."
A autora descreve como há profissionais que passaram a se auto-promover nas redes sociais como uma maneira de vender conhecimento, e isso em diversas áreas: das finanças à medicina, do bem-estar ao jornalismo. E é um comportamento que chegou à academia.
"Na esteira da pandemia, a pressão para que os acadêmicos se autopromovam só se intensificou. Famintos por oportunidades de compartilhar nossas últimas descobertas em conferências presenciais, usamos o Twitter, Instagram ou talvez nossa assinatura de e-mail para divulgar nossos novos livros e artigos. Alguns até se juntaram a ondas como #ProfessorsofTikTok ou comunidades mais específicas, como #twitterstorians."
Essas pessoas querem ser mais populares e reconhecidas, mas tem o outro lado: "Pesquisadores acadêmicos e cientistas que 'se expõem' são – muito como os influenciadores – alvos prontos para críticas, ódio e assédio."
Este texto meio que inspirou outro, de uma professora britânica, em que ela afirma que, além dos influencers, "considerações sobre como se apresentar nas plataformas tornaram-se parte da rotina diária de uma faixa mais ampla da força de trabalho."
Ela chama esse fenômeno, essa onipresença das práticas das micro-celebridades, de "influencer creep": "A sensação de que você não fez o suficiente nas plataformas de mídia social: que você pode estar mais na moda, mais autêntico, mais engajado – sempre mais. Filme mais, compartilhe mais, poste mais. E aparentemente não há como sair disso".
Por que essa cultura influencer está se expandindo para todas as áreas profissionais? Muito porque há uma precarização das condições de trabalho. Um jornalista freelancer em São Paulo vai passar fome se não se autopromover e não se vender como "autoridade" nas redes.
Por causa de Stranger Things, a Kate Bush virou hit em 2022. O sucesso veio não apenas porque a música Running Up That Hill apenas aparece ali na trilha, mas pela maneira com que ela é inserida na própria história da série.
"Running Up That Hill é o tema místico central desta temporada de Stranger Things – usado inúmeras vezes e escrito diegeticamente na própria trama. (A personagem Max, interpretada por Sadie Sink, carrega carinhosamente uma fita cassete de Hounds of Love e ouve Running Up That Hill no primeiro episódio enquanto caminha pela Hawkins High; a música e a fita são usadas durante sequências cruciais em episódios posteriores). (...) A música também se encaixa perfeitamente no som retrô que a série tem apresentado com tanto cuidado", diz esta bela análise.
Uma boa matéria sobre comunidades nesta rede tão problemática quanto pulsante: "No Discord, os fãs de música se tornam os melhores amigos dos artistas, colaboradores e até estagiários não remunerados".
"É um lugar onde as linhas entre apoio comunitário e espírito de grupo, fandom e trabalho se confundem."
Um pouco atrasado, mas tá valendo:
“OK Computer poderia ser definido como um álbum conceitual: um ciclo de canções unificado pela paisagem afetiva do capitalismo tardio que simultaneamente espelha e reproduz em um ouvinte. É um disco nervoso quase ao ponto da neurose, saturado de pavor com toques de poesia surrealista, cheio da energia inquieta que caracterizaria o melhor do trabalho posterior do Radiohead. Enquanto isso, de alguma forma – milagrosamente – OK Computer também consegue alcançar a transcendência."
A foto acima e a que abre esta newsletter são de Campbell Addy, que está soltando o livro Feeling Seen.
The Informant é boa, mas tem um problema que atinge 9 em cada 10 séries: tem episódios demais. (Aquela coisa: quanto mais episódios, mais tempo você fica dentro da plataforma.)
Mesmo assim, vale bem assistir a esta produção húngara ambientada no meio dos anos 1980, quando o país ainda vivia sob o regime comunista. Um cara que recém-entra na universidade é recrutado pelo governo para espionar outros jovens que lutam pela abertura do país.
Tem cenas ótimas, tipo quando um deles prova ketchup pela primeira vez, ou na sala de aula, em que alunos e professor discutem o que seria da Hungria sem o comunismo.
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E não é que quase dez anos depois temos uma nova temporada de Borgen? Entre dramas sobre ambientes políticos, não tem nada melhor nas plataformas de streaming do que esta produção dinamarquesa.
E esta quarta temporada é, acredite, tão boa quanto as anteriores. A trama se desenrola a partir da descoberta de um grande poço de petróleo na Groenlândia, e então passa por temas como relação entre mãe e filho, personalidades políticas e redes sociais, diplomacia e mídia.
A audiência de podcasts está subindo muito. Um dos motivos é o investimento pesado de empresas como Spotify e Amazon. No mundo, a audiência aumentou em 40% (para 384 milhões de pessoas) entre 2019 e 2021. A oferta de podcasts também foi pra cima: no Spotify, saiu de 450 mil para 2,9 milhões nesse mesmo período.
Mas a publicidade ainda não está acompanhando esse movimento com a mesma velocidade. Não tem dinheiro suficiente, e boa parte da grana que entra é abocanhada pelos poucos podcasts que estão no topo da popularidade.
"Milhões de podcasters ganham pouco ou nenhum dinheiro. E à medida que a quantidade de podcasts explodiu, a descoberta – ou a facilidade de encontrar um determinado programa – tornou-se exponencialmente mais difícil."
Já baixei o Pocket, mas nunca usei direito esse app que serve para salvar textos e links para ler em outro momento. Nesta entrevista, um dos fundadores fala sobre as vantagens de "salvar em vez de clicar" e como o algoritmo do app busca unir a inteligência artificial com o gosto pessoal dos usuários.
"Criar um filho e mantê-lo vivo e saudável não é trabalho fácil. É braçal, emocional e especialmente caro. (...) Há uns anos, trabalhei numa revista feminina tradicional e lembro que sugeri que investigássemos uma tese que eu tenho: mães separadas e com guarda compartilhada devem ser mais felizes. Só assim para, em muitos casos, viverem uma real divisão de tarefas."
Luara Calvi Anic - Filhos: Da barriga pra cabeça".
Jogadores contam o quanto ganharam (e perderam) com NFT.
Tem muita coisa sendo escrita/falada sobre NFT. Aqui um bom artigo: "Arte em NFT é boa?".
Os fãs do videogame militar gratuito “War Thunder” são tão apaixonados pelo jogo que começaram a compartilhar esquemas confidenciais reais apenas pra ganhar discussões online.
O que significa ser uma "empresa-tech" quando todas as novas empresas parecem ser empresas-tech?
Uma pesquisa nos EUA mostra que 40% dos jovens quer trabalhar em uma grande empresa (enquanto negócios pequenos são a preferência de 31%). E também, que muita gente quer um emprego no Spotify.
Uma história que envolve gangsters, um campeão mundial de peso-pesado do boxe e redes sociais: "Como um tweet levou à queda de um cartel de drogas de US$ 1 bilhão".
A ilustradora que "virou sensação nas redes com animações minimalistas e espertas feitas a partir de áudios da TV e da internet".
E-mail x reunião? Experimento: pares de dois funcionários levaram em média seis minutos para chegar a um consenso ao negociar uma estratégia de vendas pessoalmente, enquanto pares de funcionários que usaram e-mails levaram 20 minutos em média para chegar ao mesmo consenso.
Nos EUA, ninguém quer mais trabalhar em restaurantes e hotéis.
Em São Paulo, o bairro mais caro para alugar apartamento é a Vila Olímpia.
O que a sua cor favorita diz sobre você.
Como o mundo dá risada online. (Spoiler: na Malásia, "Ha3H3Ha3"; na Tailândia, "55555".)