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A estética do ativismo e a tirania do tempo

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A estética do ativismo e a tirania do tempo

Jun 4, 2021
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A estética do ativismo e a tirania do tempo

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MargeM 153 na área. O ativismo de Instagram mais ajuda ou atrapalha os movimentos sociais? A terceira temporada de Master of None. Um ensaio espetacular sobre o relógio e a nossa relação com o tempo. Quem é Teezo Touchdown? E mais.


Bem boa a reportagem "A estética do ativismo: como o Instagram mudou os protestos".

Discute como muitos influencers e celebridades colocam imagens e frases a respeito de movimentos sociais em suas redes sociais. Causas como racismo, homofobia, machismo etc. são levadas às ruas por gente que sofre com preconceitos e injustiças; e aí chegam às redes em uma embalagem "palatável", "suave". Funciona como um apoio consistente ao movimento? Ou é apenas sinalização de virtude?

"A estetização do ativismo está empurrando esses movimentos para a frente ou os segurando?", questiona o texto.

Segundo a reportagem, "alguns organizadores acreditam que compartilhar informações dessa forma ajuda as pessoas a se envolverem –geralmente pela primeira vez– e é uma ferramenta necessária para alcançar e educar as massas".


Sabe quando você tem que parar tudo pra limpar aquela escultura de mármore do Michelangelo? Em Florença estão usando bactérias comedoras de sujeira.



Limiñanas e Laurent Garnier - Que Calor!
Que ESPETACULAR é isso aqui. União da banda com o veterano DJ/produtor, ambos franceses. (E o vocal é do Edi Pistolas, da banda chilena Pánico.)


Ainda não consegui assistir à terceira temporada de Master of None, mas não vou demorar, porque as duas primeiras são lindas, cada uma a seu jeito. E, segundo tenho lido, esta terceira é ainda beeeeem mais diferente: sai Aziz Ansari, entram Lena Waithe e Naomi Ackie, duas mulheres negras que vivem um romance.

Kyle Chayka compara: "A cinematografia e o estilo de diálogo da série têm uma dívida com Amor À Flor da Pele, de Wong Kar Wai –as tomadas meditativas, as locuções em off deslocadas e a tensa nostalgia romântica".

Para a Teté Ribeiro, a temporada é "sublime: e um dos episódios lembra bastante Cenas de um Casamento, do Bergman.

No Twitter, o Pablo Miyasawa escreveu:

Twitter avatar for @pablomiyazawa
Pablo Miyazawa @pablomiyazawa
Sobre o novo #MasterOfNone: após ver 3 episódios, eu estava odiando, achando tudo lento, silencioso, triste demais. Isso foi mudando após o ep. 4, um dos mais impressionantes que já vi. Após o final, mudei de ideia: é imperdível. Mas não espere dar uma única gargalhada.
4:33 PM ∙ Jun 1, 2021
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A Atlantic até fez um ensaio: "Por que vemos relacionamentos desmoronarem". Mas aponta para uma questão: "A última temporada de Master of None traça o lento fim de um casamento. Mas se não sabemos o que atraiu um casal, não podemos ter empatia com o que os levou a se separar".


Por mais boa vontade que você tenha, muitas vezes tentar explicar para alguém que a Terra não é plana (ou que o Brasil nunca foi comunista; ou que vacinas são importantes) é uma guerra perdida. "Negar o formato esférico da Terra é o caso mais extremo de um fenômeno que define esta época: desconfiar dos dados, enaltecer a subjetividade, rejeitar o que nos contradiz e acreditar em falsidades."


Dawoud Bey começou a fotografar nos anos 1970, no Harlem. Tornou-se um dos principais fotógrafos a retratar o cotidiano (principalmente de negros) em metrópoles dos EUA. Suas imagens estão em retrospectiva no Whitney. Tem mais fotos aqui.


Precisamos falar sobre o relógio

A nossa vida está, em todos os aspectos, organizada em torno do tempo: o momento escolhido para almoçar, o trabalho, o salário, o lazer. Tudo. E o tempo é medido pelo relógio.

Mas o ponto é: "O relógio não mede o tempo; ele o produz." O relógio domina a nossa vida e a percepção do tempo.

"O tempo do relógio não é o que a maioria das pessoas pensa que é. (...) Foi criado e é frequentemente alterado e ajustado para se adequar a propósitos sociais e políticos.
(...)
Muito parecido com o que aconteceu com o dinheiro, o relógio passou a ser visto como aquilo que apenas deveria representar: o relógio tornou-se o próprio tempo", diz o espetacular artigo "A tirania do tempo".

O texto é delicioso (mas está em inglês; e dá pra começar a ler pelo sexto parágrafo, se não tiver, hã, muito tempo; dsclp).

"O relógio é uma ferramenta social útil, mas também é profundamente político: ele beneficia alguns, marginaliza outros e nos cega de uma verdadeira compreensão de nosso próprio corpo e do mundo ao nosso redor."


Tem um mercado que não para de crescer desde que passamos a conviver com a pandemia: o de saúde mental digital.

Virou uma indústria bilionária que inclui mais de 10 mil apps –dá para incluir aí coisas como o Headspace (de meditação) e o Talkspace (terapia via texto com terapeutas de carne e osso).

E também o Woebot, app que usa "inteligência artificial para implantar os princípios da terapia cognitivo-comportamental", de acordo com esta reportagem, que tenta responder a questões como "A terapia por bot pode fazer as pessoas se conhecerem melhor? Ela pode mudar padrões antigos de comportamento por meio de uma série de perguntas investigativas e exercícios reflexivos? Ou a conexão humana é essencial para esse empreendimento?".

Na mesma linha, Marília Marasciulo escreveu um depoimento-reportagem em que conta como foi a experiência de fazer sessões de terapia com um bot, por meio do app Youper. "No primeiro dia usando o app, estava me sentindo 'moderadamente cansada' por causa de 'amigos, trabalho, socialização e alimentação'. O Youper então sugeriu que eu identificasse e registrasse com maior especificidade o que pode estar causando a sensação."



Teezo Touchdown - Social Cues
Sempre coloco músicas novas nesta newsletter, mas vou abrir uma exceção para isso aqui, que ouvi enquanto escrevia a MargeM. É de novembro de 2020. Fui atrás pra ver quem é Teezo Touchdown. É um rapper do Texas que adora fazer trap e punk-pop. Segundo a Dazed, é uma mistura de Andre 3000 com Panic! At the Disco. O Pigeon and Planes foi falar com o cara sem saber direito o que iria encontrar –e depois da entrevista parece que continuou não sabendo.
Bem, nesta faixa maravilhosa, Teezo canta coisas tipo “Sometimes when I'm out like at a public place/ I see someone and turn the other way because/ I suck at conversations”.


Com um mercado bem aquecido devido à entrada de várias empresas, "filmes e séries brasileiros se multiplicam nas plataformas em guerra do streaming". (E a mão de obra já está escassa em todas as fases da produção.)
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Por que Batuk Freak, primeiro disco da Karol Conká, sumiu do streaming? Porque o Nave, um dos principais produtores do país, afirma que sofreu "ataques" da cantora e que não recebeu pagamento pelos direitos.
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Em texto e áudio: Cinco minutos que vão fazer você amar percussão.
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"O Clubhouse pretende crescer conectando usuários a redes sociais que as pessoas realmente usam."
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Em uma arte: os 25 millennials mais ricos do mundo. (Spoiler: muitos norte-americanos, alguns chineses, um colombiano, um brasileiro.)
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O que é a vida num pós-pandemia: caem as vendas de papel higiênico e farinha pra fazer bolo, sobem as de desodorante, branqueadores de dentes e cosméticos.
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Em texto e belas fotos: a cidade mais ao norte do mundo está mudando drasticamente. (Se tem um lugar que está realmente sentindo os efeitos das mudanças climáticas é Longyearbyen, que fica num arquipélago norueguês.)
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O tamanho da pupila é um sinal de inteligência?
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Em vídeo: uma adolescente de 17 anos empurra um urso enorme para proteger os seus cachorros.
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Os 25 melhores trailers de filmes da história. (Spoiler: muitos filmes bons têm ótimos trailers, mas alguns trailers são melhores do que os filmes.)
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"Amazon Prime é uma mentira que distorce a economia."
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"Como trollar pessoas literárias." (Quando vi que era assinado pela Lauren Oyler, encarei o texto. Claro que é bom.)
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Você tem mania de ficar dando print screen em textos e fotos? "As capturas de tela são os gremlins da internet."

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