A imparável onda coreana no entretenimento
Sucesso de séries da Coreia do Sul faz Netflix anunciar investimento bilionário; a relação da Hotmart com criadores; Os Outros; O Gato Perdido; e mais, nesta MargeM 213
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A “onda coreana” do entretenimento (na música, no cinema, nas séries) não vai se dissipar tão cedo.
Mais um exemplo. Uma menina sofre constante e violento bullying de colegas da escola. O corpo guarda marcas eternas. Já adulta, ela inicia uma jornada para se vingar de todos os que a atormentaram. Esta é a premissa de A Lição, série em 16 episódios que está entre os recentes hits da Netflix.
Como outros hits da plataforma, A Lição é uma produção sul-coreana. E chegou ao top 10 de séries de língua não-inglesa mais assistidas em 91 países.
É um dos motivos que levaram a Netflix a anunciar investimento de US$ 2,5 bilhões em produções da Coreia do Sul nos próximos quatro anos. Em 2023, 30 produções ganharão vida. Para Ted Sarandos, co-CEO da plataforma, “As histórias criadas no país estão agora no centro do zeitgeist cultural global”.
Ele não exagera. Além de A Lição, temos Pousando no Amor, Round 6, Black Knight – pra ficar apenas em alguns lançados recentemente, e apenas no catálogo da Netflix.
A Coreia do Sul criou um ecossistema de entretenimento pop que se retroalimenta. Alguns dos principais títulos da Netflix saíram da plataforma Webtoon, que hospeda quadrinhos digitais feitos para serem lidos em rolagem vertical, portanto, perfeitos para celulares.
“Uma vez que autores e artistas estão fazendo o upload primeiro para o Webtoon, desenvolvendo números de leitores na casa das centenas de milhares e milhões, o Webtoon está atento ao que os fãs provavelmente desejam em uma adaptação. Isso dá ao Webtoon prioridade absoluta e permite que parceiros como a Netflix tenham um projeto com uma audiência já estabelecida, em um momento em que propriedades intelectuais consolidadas são limitadas e cada vez mais caras.”
(Pra saber mais sobre o que é e de onde veio a Korean Wave, ou Hallyu, este texto contextualiza bem.)
Roy Martínez tem um canal no YouTube com “apenas” 80 mil assinantes. Seu perfil no Instagram é seguido por 10 mil pessoas. Não são números superlativos, mas Martínez vive dos conteúdos que produz: fatura mais de US$ 500 mil por ano, cobra US$ 497 de quem quer fazer uma assinatura de seus cursos e emprega 19 pessoas.
Martínez é mexicano e seu sucesso como creator tem a ver com as estratégias da Hotmart, uma plataforma brasileira que vende conteúdos digitais, principalmente cursos e ebooks. Hoje tem cerca de 135 mil criadores sob seu guarda-chuva.
A Hotmart não é nova (foi fundada há mais de dez anos), mas seu modelo de negócios, que facilita a distribuição de conteúdo e formas de pagamento, está chamando a atenção na América Latina. Esta reportagem tenta entender: “A empresa que ensina influenciadores a ficarem ricos sem se tornar viral; a Hotmart está discretamente transformando até micro-influenciadores em milionários”.
Ainda sobre influenciadores: 55% dos usuários do TikTok e Snapchat e 52% dos usuários do Instagram consomem notícias de “personalidades” - em comparação com 33-42% que as obtêm através de perfis da mídia convencional e de jornalistas nessas plataformas. Os dados estão neste estudo.
Influenciadores estão virando jornalistas e vice-versa, já falamos a respeito aqui na MargeM. Mas um ponto importante: “notícias”, para os mais jovens, engloba tudo: esportes, entretenimento, fofocas de celebridades, atualidades, política, economia, cultura, tecnologia.
Bem boa a série Os Outros, da Globoplay. Vi os quatro primeiros eps (terá 12 no total, com dois eps entrando por semana). Uma briga entre adolescentes afeta a rotina de duas famílias que moram em um condomínio do Rio.
O condomínio fica na Barra da Tijuca, mas poderia ser em qualquer bairro de classe média de uma grande capital do país. Talvez os diálogos poderiam ser mais redondos, mas direção e roteiro estão lá em cima.
Um gato adotado que se perde e a agonia para tentar encontrá-lo. Enquanto isso, há a relação com três crianças pobres que passam os verões com ela e seu marido.
Este é O Gato Perdido, livro em que Mary Gaitskill relembra essa importante parte de sua vida. É um livro curto (80 páginas), mas que te envolve com uma escrita fácil e elegante.
Aos 77 anos, Debbie Harry vai se apresentar com o Blondie no gigantesco Glastonbury. Ela lembrou que a cena de shows dos anos 1970 era beeem diferente da que temos hoje, em que todos têm um celular e cada movimento de um artista é captado e distribuído em em redes sociais.
“Lembro-me de estar no palco do CBGB e pensar comigo mesma: 'Estou me divertindo muito e ninguém além dessas 25 pessoas aqui presentes vai ver isso'. Foi uma ótima maneira de aprender a me apresentar - eu não estava sendo observada microscopicamente”.
“As pessoas costumam achar que viajar se trata de ver coisas novas. Mas não para mim. Estou aqui por algo que não tem quase nada a ver com paisagens, monumentos, museus, restaurantes, natureza, nem mesmo com pessoas e seus costumes. O que estou procurando está mais dentro de mim do que fora, assim como sentar neste café me permite não parar o tempo, mas distendê-lo, dissipar todos os meus pensamentos e me entregar ao êxtase de algo incomum. Quero esquecer o tempo.”
A alegria de viajar sozinho.
As imagens desta newsletter estão no livro Castro to Christopher: Gay Streets of America 1979–1986, de Nicholas Blair.
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O TikTok vai se tornar, também, um marketplace. Adultos da Geração Z estão usando o TikTok (43%) mais do que os mecanismos de pesquisa (38%), como Google ou Bing, para pesquisar produtos online.
E, também, "O TikTok está se tornando uma plataforma de TV." (Sobre como diversos perfis da rede compartilham trechos de programas exibidos em emissoras.)
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