A (ótima) volta de The Bear; a new wave do YouTube
A segunda temporada de The Bear é tão boa quanto a primeira (ou melhor?); O grupo que quer reinventar o YouTube; textos legais em newsletters; e mais, nesta MargeM 214
The Bear voltou. A segunda temporada da série ambientada em um restaurante de Chicago e que trata especialmente das relações entre as pessoas que trabalham ali estreou na quinta (dia 22) no Star+ (no Star+ lá de fora, não o daqui).
Não sei se tivemos alguma série melhor do que The Bear (ou O Urso) no ano passado. Em oito episódios de 30 minutos de duração cada um, The Bear funcionou direitinho porque trazia 1) personagens bem montados (como Carmy, o chef que herda o restaurante da família após a morte do irmão; Sydney, a jovem que vai trabalhar no lugar como sous chef; e Richie, o meio truculento primo de Carmy que é gerente do local); 2) um ambiente hiper-estressante excelentemente representado; 3) diálogos rápidos e certeiros; 4) direção fabulosa (o sétimo episódio da primeira temporada, todo ele em um plano-sequência, é uma obra-prima).
Mas, olha só, a segunda temporada é tão boa quanto (ou até melhor que) a primeira. É ótima principalmente porque é diferente: se antes The Bear tinha um clima quase claustrofóbico (mas não ruim) causado pela ambientação em uma cozinha pequena, nesta segunda temporada a série cai no mundo.
O restaurante antigo já não existe – está sendo reformado para dar lugar a outro, muito mais sofisticado. Abre espaço para um aspecto importante nesta nova The Bear: a comida. Agora, ela está muito mais presente.
Sydney, para tentar se inspirar na criação do novo cardápio, sai por Chicago para experimentar todo tipo de comida. Marcus, o chef responsável pelas sobremesas, vai à Dinamarca fazer um estágio com um renomado cozinheiro. E as câmeras passeiam por pratos deliciosos, de hambúrgueres a uma criativa gelatina de shissô. Séries de comida são um grande sucesso no streaming, e The Bear parece que quer aproveitar e se lambuzar nesse filão. Deu certo.
A comida dá uma leveza pra história, mas a tensão ainda está bem presente. Principalmente no episódio 6, de uma hora de duração, que faz um flashback de um jantar de Natal da família de Carmy.
Personagens antes secundários ganham bom tempo de tela (como Marcus); a relação conflituosa entre Carmy-Richie-Sydney continua fervendo; a trilha não desaponta (tem REM, Brian Eno, Replacements; tem também Counting Crows, mas aí a gente esquece).
Depois do sucesso da primeira temporada, a expectativa para esta segunda era alta. E The Bear chegou lá.
Quem decepciona é a Star+, que vai colocar os novos episódios na plataforma brasileira apenas em 23 de agosto. Depois não adianta reclamar da pirataria.
Ainda sobre The Bear:
- “Como Ayo Edebiri passou de uma criança desconfortável para estrela de The Bear.”
- “The Bear amadurece.”
- “The Bear é um programa para qualquer pessoa faminta por uma boa comida; a série mais estressante da TV e, na verdade, a mais vibrante.”
- “Segunda temporada de The Bear é caótica e tranquila, meditativa e barulhenta.”
- “The Bear deixa o restaurante – e se torna ainda melhor por causa disso.”
- "Um retorno brilhante."
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Talvez você conhece a história: se colocar o disco The Dark Side of the Moon (de 1973, do Pink Floyd) ao mesmo tempo que que dá play no filme O Mágico de Oz (de 1939, dirigido por Victor Fleming), verá que disco e filme estão "sincronizados". Por exemplo: em uma cena, Dorothy foge de casa; nesse momento, o Pink Floyd canta "ninguém te disse quando correr". Essa estranheza ficou conhecida como The Dark Side of the Rainbow.
Bem, um dos responsáveis pela popularização dessa história é um jornalista norte-americano e ele relembra como tudo começou . "Não fui eu quem teve a ideia de juntar esses dois trabalhos. Não sou o inventor de The Dark Side of the Rainbow. Mas, por um estranho tipo de acidente, desempenhei um papel fundamental para que ela se tornasse um fenômeno cultural."
Uma reportagem do site Publish Press investigou por meses um grupo de criadores que se auto-intitulo You Tube New Wave.
Segundo esse grupo, a plataforma está tomada por grandes criadores como Mr. Beast e Logan Paul, que acumulam visualizações e likes fazendo vídeos baseados em desafios e truques chamativos. Ganham a atenção das pessoas; consequentemente, dinheiro e influência.
O objetivo do grupo seria, de acordo com a reportagem, "rebelar-se contra a chamada 'Beastification do YouTube' [referência a Mr. Beast] ao rejeitar as métricas tradicionais, como retenção e capacidade de cliques, em favor de um enfoque quase cinematográfico na narrativa e nas verdades pessoais."
E quando sua amiga ou amigo começa a postar como um(a) influencer?
"Assim como os millennials estão lidando de forma única com a transição do 'antes' e 'depois' em que as redes sociais dominaram nossas vidas, eles também estão enfrentando essa mudança dentro das próprias redes sociais. Aprendemos a utilizar as redes sociais para conversar entre nós, e não com estranhos, mas agora que as plataformas estão recompensando mais a interação com desconhecidos em vez da comunicação entre amigos, estamos nos adaptando de maneira desajeitada a algo que a Geração Z sempre soube e, sinceramente, não sente a necessidade de questionar muito."
Tenho lido várias coisas legais em newsletters que recebi ou que me indicaram. Tipo:
A anatomia da ausência - Vanessa Guedes
"A ausência também é o negativo das nossas escolhas, a parte oposta, o paralelo do que a vida poderia ter sido e simplesmente não foi."
Queria ser grande, mas desisti - Bárbara Bom Angelo
"Foi assim, órfã de ricos insuportáveis, que comecei a ver Alta Fidelidade. (...) É a segunda adaptação do livro de Nick Hornby. Livro que marcou o fim da minha adolescência. Livro que li três vezes seguidas de tanto que eu gostei. E que desde então nunca mais me atrevi a pegar pois sei que o mais provável é sentir meu ânimo esvaziar como bexiga.'
"sempre em momentos difíceis recorro a músicas, mais do que livros, filmes ou séries, pra alcançar uma sensação genuína de paz e alegria. dia desses eu tava normal e tocou here comes the sun. como eu escutei todas as músicas dos beatles e sei c-a-d-a suspiro, fiquei acompanhando as palminhas ritmadas, o fone no último volume, meus olhos do nada lacrimejando cantando sun, sun, here it comes. foi bem sublime esse dia. mais uma memória que vai me fazer lembrar, daqui a umas décadas, da pessoa que eu era hoje."
Viajar para dormir? - Lalai Persson
"Estão sendo criados verdadeiros retiros para dormir ao redor do mundo, muitos deles com pacotes de uma semana, prometendo ensinar ao viajante o caminho para alcançar o nirvana no sono. Yoga, meditação, consultas médicas, coaching, alimentação balanceada e desconexão são alguns dos programas do retiro. Alguns lugares mais restritos sequer oferecem TV no quarto por considerá-la mera distração."
"Como meu pai e eu desenhamos uma nova vida" é o título de um curto e bonito relato de um escritor sobre a nova e tardia relação que desenvolveu com seu pai.
Após a morte de sua mãe, ele temia como o pai reagiria:
"Quando o cônjuge de um idoso falece, em muitos casos há apenas dois caminhos a escolher: desistir da vida ou reinventar-se. Eu estava determinado a garantir que meu pai escolhesse o último".
E o pai (e ele) se reinventaram. Criando cartuns.
As imagens desta newsletter estão na expo Stars, de Terry O’Neill.
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Catharsis Now. (“Catharsis Now é uma visualização de dados dos estados emocionais das pessoas. O site coleta postagens do subreddit r/Offmychest e as mapeia de acordo com o sentimento e o tempo.”)
Masahiro Maruyama. Site lindo com alguns dos óculos mais legais que já vi.
MeatGPT.
News Minimalist. (“News Minimalist usa IA (ChatGPT-4) para ler as 1000 principais notícias todos os dias e classificá-las por significância em uma escala de 0 a 10.)