Chegou a "era das redes de recomendação"
Sim, a “era das redes sociais” pode estar chegando ao fim para dar lugar às plataformas com recomendações de algoritmos. Psicodélicos. O velho e bom B-52's. Dois mixes excelentes. Fotos ótimas. E mais, nesta MargeM 189.
Aqui na MargeM estamos falando sobre o "fim da era das redes sociais" há algum tempo. (Se você lê em inglês, este texto é um ótimo ponto de partida para entender o que está rolando.)
Resumindo: o crescimento absurdo do TikTok (mais de 1 bilhão de usuários ativos; o Facebook tem 2,9 bi) está forçando as redes sociais a mudarem o modo como operam.
Facebook e Instagram passaram a privilegiar posts em vídeo e a mostrar mais conteúdos que estão gerando grande engajamento, não necessariamente conteúdos feitos pelos seguidores de um usuário.
Mas não vai ser fácil competir com a plataforma chinesa no terreno dela. O algoritmo do TikTok é, disparado, o mais poderoso e eficiente já criado por uma plataforma/rede digital. Ele sabe exatamente o que agrada a cada usuário.
Essa mudança toda não é pouca coisa, por isso discute-se se a "era das redes sociais" está chegando ao fim.
Outro excelente artigo a respeito do tema foi escrito pelo Michael Mignano (ele é investidor de startups e já foi o comandante do núcleo de podcasts do Spotify). Ele escreve que estamos vendo nascer a "era das redes de recomendação".
Vale ler o artigo inteiro, mas vou separar aqui alguns pontos importantes.
- "Plataformas como TikTok e YouTube colocam muito menos ênfase em amigos e gráficos sociais em favor de experiências algorítmicas cuidadosamente selecionadas. Esta é a mídia de recomendação, e é o novo padrão para distribuição de conteúdo na internet". (Comentário meu: O TikTok não é uma rede social "clássica". É uma mistura de YouTube [plataforma de vídeos], Snapchat [conteúdos curtos e virais] e Tinder [a dinâmica do deslize dos dedos para definir rapidamente se um conteúdo interessa ou não]).
- "Mídia social é conteúdo distribuído principalmente por meio de redes de pessoas conectadas. (...) A mídia social é efetivamente uma competição baseada na popularidade, não na qualidade do conteúdo. Favorece os criadores com maior número de seguidores; quanto maior, maior será o potencial de distribuição e influência."
- "Mas só porque as pessoas podem facilmente distribuir conteúdo para seus amigos ou amigos de amigos não significa que esse conteúdo será interessante ou relevante para o consumidor."
- "Nas mídias de recomendação, o principal meio de distribuição de conteúdo não é a rede de pessoas conectadas (seguidores) (...) É por meio de algoritmos que privilegiam o máximo de atenção e engajamento dos consumidores. (...) Por exemplo, se a plataforma determinar que alguém adora filmes, essa pessoa provavelmente verá muito conteúdo relacionado a filmes, porque é isso que captura melhor a atenção dessa pessoa. Isso significa que as plataformas também podem decidir o que os consumidores não verão, como conteúdo problemático ou polarizador." (O que dá um poder ainda maior à plataforma em relação às redes sociais.)
- "Nas mídias de recomendação, vence o melhor conteúdo para cada consumidor. Isso significa que os consumidores estão sempre sendo recomendados e servidos ativamente pelo conteúdo mais adequado para eles. (...) Enquanto nas mídias sociais as pessoas veem o conteúdo de seus amigos independentemente da qualidade do conteúdo, nas mídias de recomendação a distribuição de conteúdo é otimizada para gerar engajamento." (OK, mas não necessariamente "vence" o melhor conteúdo. O conteúdo que mais engaja não necessariamente é "melhor".)
- "Nas mídias sociais, os criadores mantêm o poder de programação sobre o que é visto e quando. Mas na mídia de recomendação, a plataforma está sempre no controle."
- "Como, na mídia de recomendação, não há distribuição garantida de conteúdo por meio da rede de amigos, os criadores são incentivados a buscar engajamento em outros lugares quando não o estão obtendo da plataforma em que criaram o conteúdo. Onde eles se voltam para esse compromisso? Outras plataformas." (É por isso que é tão fácil compartilhar conteúdo do TikTok no Twitter ou no Facebook. Quando alguém, no Twitter, dá um clique para ver um conteúdo do TikTok, ele está aumentando o engajamento nesse conteúdo e, consequentemente, isso é percebido pelo algoritmo do TikTok.)
O artigo segue e até afirma que plataformas como Netflix podem se valer dessa mesma estratégia usada pelo TikTok. O ponto é que faz uns 15 anos que as redes sociais estão reinando. O TikTok está criando uma nova ordem. Os novos reis serão, provavelmente, os algoritmos.
Há algum tempo universidades e centros de pesquisa vêm trabalhando em estudos com psicodélicos e outras drogas sintéticas. Há dados que mostram que essas substâncias podem agir contra diversas condições, como depressão, ansiedade, dependência etc.
Agora, companhias privadas estão entrando nessa. Terapia psicodélica começa a ser usada em empresas nos EUA.
É sempre bom olhar as coisas em retrospecto. Veja o B-52's. Uma banda conhecida bastante por produzir faixas pop divertidas e que se tornaram hits de efeitos nucleares (Love Shack, Private Idaho) e que, talvez até por isso, nunca foi levada tão a sério quanto outras contemporâneas.
Mas esta entrevista ajuda a entender o quanto elas/eles abriram caminhos. O B-52's existe desde 1977 (o Clash foi formado em 76!!). Época do punk, do pós-punk, e o B-52's tocava basicamente nos mesmos buracos de grupos desses estilos. Eram uns freaks, como brincam os próprios integrantes da banda na entrevista.
"Todos em Nova York estavam encostados nas paredes, com suas jaquetas de couro, fumando cigarros. Nós éramos uma explosão de cores. Ninguém dançava. Queríamos entreter as pessoas, e seguimos sendo positivos e divertidos", lembra o Fred Schneider.
Nos anos 1980, o B-52's também refletia, nos palcos e vídeos, a realidade de muita gente que não se encaixava no padrão heterossexual.
"Muitas pessoas disseram que, ao nos ver no Saturday Night Live, elas finalmente se sentiram confortáveis consigo mesmas, finalmente, mesmo que morassem em alguma cidade em que a tolerância é, esqueça. Ouvimos essas histórias o tempo todo. Naquela época, era um estigma até mesmo dizer que você era gay, então eu dizia: 'Sou um try-sexual. Eu vou tentar qualquer coisa'”, conta Schneider.
Kate Pierson: "Nós não só tínhamos uma sensibilidade gay, nós também a incorporávamos. Nós parecemos diferentes, nossas músicas são diferentes, então as pessoas nos identificaram como diferentes desde o início."
Schneider: "Todos estão convidados para a nossa festa. Sempre fizemos disso uma de nossas premissas. Traga a sua mãe. Traga a vovó."
Dois grandes sets que ouvi nesta semana. Este da grande Kelly Lee Owens foge um pouco do techno de pista (e com acento pop) de seus discos para abraçar linhas mais abstratas. Ela encaixa Rosalía & Oneohtrix Point Never com dub e um certo noise.
Já este outro, de Bradley Zero e Elias Mazian, gravado no festival Lente Kabinet, é festa pura. Tem até espaço para Gin and Juice (aquela do Snoop Dogg).
As imagens desta newsletter são do fotógrafo Ênio Cesar, que retrata nomes do rap paulistano (Emicida, KL Jay etc.) e registra cenas do cotidiano da periferia da cidade.
“A possibilidade de capturar essas cenas e criar uma narrativa é algo que me atrai. Não é necessário que haja um personagem central do começo ao fim, eu gosto dessa ideia de juntar várias histórias e apresentar essa perspectiva de experiências que vivi.”
Brasileiros estão recebendo "multa" de R$ 3 mil por pirataria.
Spotify testa recurso que permite gravar reações em áudio a playlists e podcasts.
O que é o conceito de Amazônia 4.0, que aposta na bioeconomia.
Enxaqueca atinge mais mulheres e requer tratamento personalizado.
Cinco dicas para comprar roupas que duram.
Dado que preocupa: 32% das crianças e dos adolescentes buscam apoio emocional na internet.
O prefeito de Veneza ficou enfurecido com dois caras que estavam surfando no Grande Canal.
Muito legal essa função de reação por áudio no spotify.