Como as redes sociais movimentam influenciadores
Um raio-X de quem faz sucesso nas maiores redes sociais. A influência sem freios e contrapesos. Movimentos precisam ocupar a política. Cenas das batalhas de rap no Rio. E mais, nesta MargeM 172.
"O que diferencia hoje as redes sociais não são mais os seus recursos (ferramentas), mas os seus valores e suas comunidades. O que torna uma pessoa popular em uma plataforma pode não torná-la remotamente interessante ou influente em outra."
Ótima reportagem ótima do Axios explica o funcionamento das redes sociais e como elas movimentam a indústria dos criadores. É mais comum que um influenciador faça bastante sucesso em apenas uma rede, não em várias. Um exemplo é Kim Kardashian.
Ela "tem 263 milhões de seguidores no Instagram, mas apenas 1,88 milhão de assinantes em seu canal no YouTube".
Um ponto interessante: entre as redes sociais, o TikTok é aquela em que há mais influenciadores superstars que não conseguem levar a popularidade a outras plataformas.
"As cinco contas mais seguidas no TikTok - Charli D'Amelio, Khaby Lame, Addison Rae, Bella Poarch e Zach King - não estão entre as 50 primeiras de qualquer outra rede de mídia social. Coletivamente, essas cinco estrelas têm 480 milhões de seguidores no TikTok, mas menos da metade dessa quantidade de seguidores no Twitter, Instagram, YouTube e Facebook combinados."
"As principais personalidades do TikTok conseguiram fechar negócios grandiosos de filmes, TV e podcasts sem construir audiência em outras plataformas."
Alguns dados interessantes que o Axios pontua:
"O TikTok favorece criadores individuais que construíram a presença na plataforma em vez de organizações de entretenimento com muitos recursos."
"No YouTube, as principais contas são de grandes operações de música e entretenimento, geralmente internacionais. Entre as 20 contas mais seguidas: seis são da Índia, quatro dos EUA, três da Coreia do Sul, duas da Rússia."
"O Facebook dá uma vantagem às marcas graças ao seu design, que incentiva os usuários a 'curtirem' qualquer tipo de página. Empresas de notícia chinesas são quatro das 21 maiores contas."
"O Instagram é o lugar para ser uma celebridade –oferece a oportunidade de mostrar seu estilo de vida e ser formador de opinião. O número de seguidores no Instagram é maior do que em qualquer outra plataforma."
"O Twitter também recompensa a celebridade, mas em uma escala menor do que o Instagram. Pessoas conhecidas por suas ideias também podem construir bom número de seguidores: É a única plataforma que tem entre os 50 perfis mais populares políticos e líderes empresariais."
"Atores e estrelas do esporte brilham no Facebook e no Instagram, enquanto os músicos se saem melhor no YouTube e no TikTok."
"As únicas contas que aparecem no top 10 de mais de uma plataforma são Cristiano Ronaldo (Facebook, Instagram, Twitter), Ariana Grande (Instagram, Twitter) e Will Smith (Facebook, TikTok)."
"'Quando pensamos especificamente sobre os influenciadores das redes sociais, esse (fenômeno) realmente ocorreu em 2012', disse Amanda Brennan, diretora sênior de tendências da agência XX Artists. Antes de 2012, sua internet florescia a partir de memes e páginas dedicadas a animais de estimação, mas não necessariamente autenticidade."
"Então, tudo mudou: em vez de apenas amar lol cat, as pessoas ficaram obcecadas por Grumpy Cat e a família que o possuía."
"Embora influenciadores e celebridades existam por milênios, eles nunca tiverem esse tipo de influência e poder, com uma incrível falta de freios e contrapesos. Eles são profissionais de marketing, são inspirações e (acabam gerando uma sensação de) uma comparação injusta (quando você se sente mal ao se comparar com uma celebridade no Instagram), tudo em uma coisa só. E por ser relativamente novo, ainda estamos nos acostumando com os danos potenciais dessa indústria violentamente sub-regulamentada."
E essa comparação social (ou estética) é "pior no Instagram". "O conteúdo feito por celebridades é mais frequente, mas o conteúdo feito por amigos é mais impactante em termos de comparação social."
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O jeito "sorrateiro" com o qual o TikTok conecta você com seus amigos da vida real. "A rede social cresceu por ignorar quem você conhecia. Cada vez mais, isso já não ocorre.
Jupiter & Okwess - You Sold Me a Dream (com Ana Tijoux)
Isso não é novo (saiu no início do ano), mas tem tudo a ver com este novembro.
A cofundadora do Black Lives Matter diz que movimentos precisam ocupar a política.
"A maioria das pessoas entende que existe corrupção na política, e isso não é um fenômeno só dos Estados Unidos. As pessoas não se engajam porque não querem ser corrompidas. Outras vezes não se engajam porque não acreditam que a política possa ser mudada, acham que nada pode ser feito", afirma Alicia Garza.
"O que argumento no livro (O Propósito do Poder) é que isso é um grande erro. A política é o lugar onde as regras são feitas, onde o governo molda nossas vidas. Se a deixamos intocada, estamos deixando uma enorme arena de poder nas mãos de outras pessoas."
"É importante ter pessoas marginalizadas em posições de poder. Mas não é só sobre gênero ou sexualidade, é também sobre valores, e como elas lutam para converter esses valores em leis, do mesmo jeito que a oposição vem fazendo há muito tempo."
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Reprimida na ditadura, cultura negra segue vista com suspeita por militares.
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Uma breve biografia ilustrada de três mulheres negras que foram protagonistas na história do samba.
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A foto acima e a que abre esta edição da MargeM são parte de um ensaio de Silvia Izquierdo sobre batalhas de rap na Cidade de Deus, no Rio. E a reportagem completa: Nas favelas brasileiras, a batalha de rap é sinal de retorno à normalidade.
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Saidiya Hartman: "A história da escravidão moldou a vida de todos nós".
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Trace é o primeiro canal voltado à cultura afro-urbana em 70 anos de TV no Brasil, com equipe quase toda formada por negros.
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Iniciativa de empreendedora negra acolhe e empodera pessoas com cabelos crespos.
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Orixás conduzem histórias de dois novos livros para crianças.
Coisas legais por aí
Succession. O que curto muito em Succession (além do roteiro que combina bem drama, thriller e situações cômicas e absurdas; de personagens que não fazem questão de ocupar o papel de mocinhos; da espetacular engenhosidade da música-tema em juntar um piano clássico com beat hip-hop; entre tantas coisas) são pequenos detalhes. Tipo esta frase (do quarto episódio da terceira temporada) que Shiv solta durante uma conversa com o editor de um canal de TV que pertence à família:
"The thing about us, Mark, and you should know this by now: we don’t get embarrassed" ("Sobre a minha família, Mark, e a esta altura você já deveria saber disso: nós não nos envergonhamos", em tradução livre).
(Extra: "Como Succession faz com que a riqueza pareça algo deprimente".)
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Super Funk. Belo EP de cinco faixas da dupla Deekapz. É lançamento do selo Selva Discos, irmão mais novo da festa Selvagem, então o que temos aqui é música que resgata sons brasileiros meios esquecidos dos anos 80 (funk, electro) e os reconstrói com um toque contemporâneo. Gostei bem de Lei do Baile e Melô da Flauta.
Jockstrap - 50/50
Música eletrônica quente e que faz tremer uma festa.
Sobre show do James Brown em 1978: "Palmeiras sediou revolução do movimento negro em São Paulo nos anos 70".
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Músicos buscam remuneração nos NFTs.
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Os 33 melhores discos de música industrial.
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Como Fundo de Quintal e Cacique de Ramos transformaram o samba.
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Cinco clássicos do cinema japonês para ver no YouTube, em cópias boas e legendadas em português.
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"O lar é o futuro das viagens". Será mesmo? Bem, "o CEO do Airbnb acha que as linhas que separam vida, trabalho e férias vão ficar cada vez mais borradas". Até aí, não esperaria nada diferente do CEO do Airbnb. Mas esta entrevista ajuda a entender um pouco sobre como a empresa analisa tendências de comportamento.
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Um dos caras que mais influentes na "cultura da internet".
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"Por que ficar olhando para as telas está causando alongamento dos olhos –e como evitá-lo."
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Em podcast: Como começar a ler poesia.