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De Yoko Ono a Virgil Abloh

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De Yoko Ono a Virgil Abloh

Feb 19, 2022
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A necessária reavaliação da Yoko Ono. Nova música pop brasileira. O livro do J Dilla. Virgil Abloh. Jornalismo e redes sociais. E mais, nesta MargeM 178.


Jay Z, por Sue Kwon

Gostei bem disso aqui: a Yoko Ono é meio que madrinha do auto-cuidado.

Mas antes de entrar nesse assunto, é curioso –e bem-vindo– como a Yoko Ono está sendo reavaliada pós-Get Back, a colossal minissérie que documenta o período pré-separação dos Beatles e que mostra como a então parceira do Lennon esteve quase onipresente nas sessões de gravação. Yoko, como sabemos, é desde então apontada como uma das motivadoras do desmantelamento da banda.

Isso é uma balela que é bem desconstruída neste belo artigo "Yoko Ono não separou os Beatles. Mas ela ajudou a inventar a música alternativa".

"Plastic Ono Band parece um protótipo para bandas posteriores, como Sonic Youth e Yo La Tengo, que combinam composições de rock sérias com feedback escultural e noise fragmentado. Essa combinação atingiu o ápice para Ono na obra-prima Fly, de 1971.”

***

Bem, além de apontar caminhos para a música dita alternativa, Yoko também é credora do que conhecemos como auto-cuidado.

"O autocuidado, que se refere ao que os indivíduos fazem todos os dias para se manterem mentalmente, emocionalmente e fisicamente saudáveis, tem origens diversas na pesquisa médica e nos movimentos de libertação negra dos anos 1960 e 1970. A prática se tornou mais popular nas últimas décadas, tanto que as indústrias de beleza e fitness a adotaram como uma poderosa tática de marketing.

Para Ono, no entanto, o autocuidado significa mais do que apenas indulgência de spa. Em vez disso, possui uma miríade de dimensões: focalizar a mente, reunir energia para a ação, conectar a imaginação de alguém com o mundo, encontrar empoderamento ao conectar-se com os outros e estimular o pensamento por meio do humor e da brincadeira."

Se você tá no clima da Yoko, vale ouvir Feeling the Space, de 1973, um disco, digamos, mais pop (e feminista), e Season of Glass, que ela lançou poucos meses depois da morte do Lennon.

***

Mais: saiu uma coletânea com gente bem boa (Sharon Van Etten, Flaming Lips, Sudan Archives, Japanese Breakfast e muitos outros) recriando faixas da Yoko Ono.

***

(E a Yoko completou 89 anos nesta sexta, dia 18.)



Tem muita coisa legal rolando na jovem música brasileira. (Um ponto: é impressionante como cresceu a cena de grime por aqui. Muito por culpa do Brasil Grime Show, programa-plataforma-rádio-agitação que surgiu no YouTube e se espalhou por outros locais e virou uma das iniciativas mais legais da cultura pop brasileira recente. Tem muitos MCs e produtores excelentes, como SD9, Ak1n, Fleezus, Cersv, Febem, N.I.N.A e vários outros.)

Sobre essa nova jovem música brasileira, dá pra ter uma noção do que está rolando neste Top 50 da Popload.

E li duas matérias boas sobre a cena brasileira mais eletrônica no site inglês Resident Advisor:
Esta, sobre o excelente produtor RHR, que vai do techno ao funk;
e esta, que traça uma história do funk carioca em dez faixas.


Acabou de sair um livro sobre o J Dilla (um dos mais inventivos produtores de rap, já morto) e o autor explica neste texto por que o cara já foi comparado a Mozart e John Coltrane.


Virgil Abloh, por Tyler Mitchell

"V era um mestre de signos e símbolos, e passou sua carreira derrubando hierarquias culturais há muito estabelecidas com ironia lúdica. Ele também levantou questões sobre o que era a arte: nos lembrou, por exemplo, que para alguns uma bolsa cara é uma escultura, igual em peso e estatura. Muito poucos homens negros exerceram esse nível de poder em nossa cultura."

"Suas maiores ideias foram aquelas que ele cultivou no cortejo em que artistas vão ao púlpito - os jovens que viam o que ele fazia e decidiam que eles também poderiam criar sua própria arte."

Sobre Virgil Abloh.


Editor-executivo do New York Times, o Dean Baquet deu extensa entrevista à New Yorker (saiu dentro da primeira edição apenas digital da revista). Ele fala bastante sobre jornalismo e redes sociais.

"Me preocupa muito o fato de que estejamos em uma era em que as pessoas não respeitam muito o poder da reportagem. A mídia social recompensa o sarcasmo, a maldade e a opinião improvisada. E eu me preocupo com isso. Então, o que eu menos gosto é ver isso se desenvolver dentro do jornalismo. Ver pessoas inteligentes se fazendo de bobas nas redes sociais."


Esta ótima reportagem (mas é do Wall Street Journal, então tem paywall) revela o que está rolando no Facebook depois que a Apple introduziu recurso que permite aos usuários do iPhone optar por não seem rastreados.

Muitos anunciantes estão tirando dinheiro da Facebook e do Instagram e colocando em outras plataformas, como Google e Amazon. A companhia de Mark Zuckerberg tenta driblar o problema, que deve drenar pelo menos US$ 10 bilhões neste ano.

***

Ainda sobre redes: Entenda como o Kwai briga com o TikTok apostando em piadas e dramas de tiozão. Diz a diretora do Kwai no Brasil:

“Temos interesse em quem mora no sertão, quer contar sua rotina, suas piadas. O Brasil não é o centro de São Paulo ou do Rio. O Kwai é mais representativo de outras regiões. Embora a maior parte dos usuários viva no Sudeste, quem mais usa o app está no Nordeste."


Nas, por Sue Kwon

A imagem que abre esta newsletter (do Jay Z) e esta acima (do Nas) são de Sue Kwon, que lança o livro RAP IS RISEN: New York Photographs 1988–2008.


Em uma MargeM passada citei a fantástica Forget Me Not, da nova banda Say She She, que tem três vocalistas entre os integrantes e é fortemente influenciada pelo Chic do Nile Rodgers. Saiu o vídeo da música.


Como o Wordle (o Termo deles) tem muito a ver com o hip hop.

Por trás da briga que está rolando na Kondzilla.

Letras falsas estão virando um problema no Spotify.

Kanye West vai lançar Donda 2 apenas em um dispositivo, o Stem Player (um aparelho que écusta US$ 200 e é capaz de isolar os diversos instrumentos e vozes de uma música).

Um ranking dos 32 filmes de Steven Spielberg, do pior para o melhor.

Este site lista dezenas de filmes feitos por cineastas negros.

"Como o Google Docs mudou o jeito que escrevemos, trabalhamos e aprendemos."

Já vejo o documentário sobre este casal bizarro acusado de lavar bilhões de dólares em criptomoedas.
(E casais que se divorciam estão brigando por causa de criptomoedas.)

Quase um quarto dos americanos acompanha o noticiário por meio de podcasts.

Telegram: onde nus de mulheres são compartilhados sem consentimento.

O estilista baiano Isaac Silva, que já vestiu Taís Araújo e Djamila Ribeiro e colaborou com a Havaianas, revela um pouco de seu universo pessoal em dez objetos.

"Sou uma mulher que esteve cercada por pornografia toda a minha vida. Mudou a maneira como eu me vejo."

Uma ode à farinha de trigo.

Por que o seu filho adolescente mal-humorado não gosta de falar com você.

"Lágrimas de alegria" voltou a ser o emoji mais usado no Twitter.

"Ninguém precisa de coach."

"Eu me dei três meses para mudar a minha personalidade. Os resultados foram mistos."

"Estamos completamente fodidos, mas está tudo bem. O dilema do otimista."

No TikTok: 

DeathTok. ("Um grupo improvável de influenciadores está usando esquetes atrevidas e músicas virais para mudar a nossa relação com a mortalidade.")

DementiaTok. ("O conteúdo sobre demência recebe bilhões de visualizações no TikTok. Mas de quem é a história que conta?")

***

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