E aí, qual é o seu take sobre o Subway Takes?
Subway Takes é exemplo de formato de conteúdo divertido e atraente, mas o crescimento da série trouxe armadilhas. Ainda: o que vimos nos festivais Popload e C6 e o disco que celebra Trainspotting
“I took tequila and Paco Rabanne / And poured it over the heart of a man”;
“Desde el día que te vi/ Mi destino fue sufrir”;
“And you can hold me like he held her/ And I will fuck you like nothing matters”;
“I′ll be here/ when you need/ It's okay, you can call/ I′ll be your satellite”;
Esses versos estão em algumas das 16 músicas reunidas na nova playlist aqui da MargeM. Tem Haim, Last Dinner Party, Little Simz e Wet Leg, entre muuuuita coisa legal.
Esta MargeM #262 começou quente.
Criar um formato de conteúdo que realmente funcione nas redes sociais (tradução: que seja divertido, atraia seguidores e repercuta dentro e fora dessas redes) é como achar uma pedra preciosa.
O Subway Takes é a mina de diamantes do comediante Kareem Rahma.
Se você não sabe o que é: Subway Takes é uma série ambientada em um vagão de metrô em que Kareem pergunta a alguém: “So what's your take?” (algo como: Qual é a sua opinião polêmica?).
E então a pessoa fala coisas como: “Saladas foram feitas para serem comidas com as mãos”; “Não precisamos de tantos emojis”; “Todo homem deveria usar sunga na praia pelo menos uma vez na vida”; “Os apps de namoro deveriam colocar data de validade de 30 dias em todas as fotos”.
Em seguida, Kareem diz se concorda 100% ou se discorda 100%, e a dupla continua o papo.
Os convidados dele normalmente são comediantes pouco conhecidos, algumas pessoas anônimas e, às vezes, gente da música e do cinema, como Cate Blanchett, A$ap Ferg, Charli XCX, Lil Nas X.
Foi criada para o Instagram no início de 2023. Dois anos depois, mais de um milhão de seguidores na plataforma, virou uma referência de como criar conteúdo bem feito nas redes.
E é um exemplo também de como é complicado alimentar e monetizar um perfil com conteúdo que viraliza.
Já li várias matérias sobre essa série (link algumas abaixo), mas esta ilustra bem as armadilhas que Kareem tem de encarar. Por exemplo: ele diz que, para conseguir mais grana com o perfil, teve de decidir se 1) chamava mais celebridades para a série (e, assim, capitalizaria com os milhões de seguidores delas), ou se 2) continuaria apostando em entrevistados mais anônimos, mas aumentaria a frequência de postagens. Optou pelo número 2.
A decisão manteve o charme e a conexão com o público e aumentou as receitas do perfil. Mas trouxe efeitos colaterais. Um deles está no próprio título da matéria que cito acima: “Subway Takes está espremendo tudo o que pode”. Ou seja: com tantos posts por semana (eram dois; passou para sete/semana), será que o formato não ficará desgastado?
Outro ponto: algumas publis dão problemas. Como esta feita pela Microsoft, em que Kareem conversou com uma pesquisadora da big tech. O take dela: “Prefiro falar com a IA do que ir a outra reunião”. Kareen disse que concordava 100% com ela.
Muita gente reclamou, afirmando que Kareem tinha se “vendido”, que ele ganhou grana para concordar com o take. Na matéria, ele nega, mas é um exemplo prático de como uma parceria com uma marca pode se voltar contra o creator.
Vale ler a matéria (como já expliquei em outra MargeM: evito colocar aqui links para sites com paywall rigoroso; mas frequentemente cito matérias, como esta acima, que podem ser contornadas com ferramentas online). Outras reportagens um pouco mais antigas nos ajudam a entender por que o Subway Takes faz tanto sucesso:
GQ: “Como um talk show no metrô ganhou a internet”.
InsideHook: “Revivendo a arte perdida da conversação”.
New York Times: “O sonho americano de Kareem Rahma”.
Rolling Stone: “Subway Takes é um sucesso no TikTok. Bem como planejou Kareem Rahma”.
Harper's Bazaar: “Kareem Rahma talvez seja o melhor ouvinte de Nova York”.
“Marcas poderão apresentar uma imagem do seu produto e um orçamento, e a IA da Meta criaria o anúncio, incluindo imagem, vídeo e texto, e então determinaria a segmentação do usuário no Instagram e no Facebook com sugestões de orçamento.”
Até o final do ano que vem, a Meta deverá oferecer às marcas ferramentas para criar e distribuir publicidade em suas plataformas usando apenas IA.
Se isso realmente ocorrer, o mercado publicitário vai mudar para sempre.
“A Waymo fazia 10 mil corridas pagas por semana em agosto de 2023. Em maio de 2024, esse número de viagens em carros sem motorista subiu para 50 mil. Em agosto, chegou a 100 mil. Agora, já ultrapassa 250 mil.”
A Waymo é uma empresa do Google que produz táxis autônomos. Opera, por enquanto, em Phoenix, Los Angeles, San Francisco e Austin. Está planejando se expandir para Miami, Atlanta, Las Vegas, Washington, San Diego e Tóquio.
Não sei se é pra chorar ou pra sorrir, mas os carros autônomos estão realmente chegando.
Sabia que o Irvine Welsh iria publicar Men in Love, uma sequência de Trainspotting (sai em julho). O que eu não sabia é que ele vai lançar também um disco, que tem o mesmo nome do livro. Um disco que é de disco music.
Esta matéria resume o espírito:
“O primeiro single, A Man In Love With Love, é irônico, um pouco desbocado e inesperadamente envolvente — como se Barry White tomasse MDMA em uma lanchonete”;
“É disco music com manifesto; o hedonismo das pista de dança como forma de protesto”;
“Este é Irvine Welsh em poucas palavras: parte filósofo, parte animador de festa, sempre pronto para um pouco de caos. E, vamos combinar: se alguém vai criar a trilha sonora disco de uma sequência de Trainspotting, melhor que seja o cara que nos deu Renton, Spud e um bebê morto num sótão”.
O parque Ibirapuera acomodou dois ótimos festivais nos últimos finais de semana.
Primeiro, o C6 Fest, que recebeu o show espetacular das Last Dinner Party, mais Air, Wilco, Nile Rodgers & Chic, AG Cook, Gossip, Perfume Genius e o coletivo Thalin, Cravinhos, iloveyoulangelo, Pirlo & VCR Slim, entre outros.
Depois, veio o Popload Festival, que nos trouxe o inclassificável e excelente show da Kim Gordon, a St. Vincent em apresentação majestosa, além de Laufey, Vera Fischer era Clubber, Maria Beraldo e Yago Opróprio, entre outros.
Com texto, fotos e vídeos, temos uma cobertura linda dos dois eventos:
C6 Fest - parte 1
C6 Fest - parte 2
Popload Festival - cobertura completa.
As imagens desta edição são da série Going Solo, organizada pelo projeto Women in Street.
→ Um dos mais legais núcleos de festa de eletrônica do país, a Circuito retorna as atividades com estilo: fará uma festa com Renato Cohen, Camilo Rocha, Manu Villas e o esloveno Valentino Kanzyani tocando clássicos do techno. Será neste sábado (dia 7) à beira de um lago na região de São Bernardo do Campo. Ingressos aqui.
→ Um dos grandes discos da música brasileira, Da Lama ao Caos (lançado originalmente em 1994 por Chico Science e Nação Zumbi) foi tema de mais uma edição do Projeto Replay. As músicas do álbum foram regravadas por nomes como Marcelo D2, Duda Beat, FBC, Black Pantera, Jup do Bairro, entre outros. São oito episódios, na Globoplay, e aqui tem o de Jup do Bairro, Marcelo D2 & Zegon.
→ Enorme banda escocesa que tem a manha de crir melodias que permanecem na cabeça, o Teenage Fanclub virá ao Rio de Janeiro (3 de setembro) e a São Paulo (4 de setembro). Então vamos com um ranking com as 20 melhores músicas do Teenage Fanclub.
→ Como uma lista com sugestão de livros feita por IA foi publicada em grandes jornais.
→ Vale Tudo mostra que as novelas ainda têm força entre os brasileiros.
→ Uma linha do tempo do funk proibidão.
→ Pílulas de ecstasy também podem ser arte?
→ Apenas as métricas importam: “Por que publicar algo que não tenha substância e nem supervisão editorial? Para quem isso serve?! (...) O objetivo não é comunicar. É simular relevância para otimizar o crescimento. (...) É uma performance artística para algoritmos.”
Meu take: é o melhor programa de entrevistas da web.