Influenciadores ainda influenciam?
O que faz o Brasil ter 10 milhões de influencers? Internet e memória. Oasis e memória. As falsas bandas que fazem covers. Quando o LinkedIn encontra a música. Tudo aqui, nesta MargeM 241
Antes de irmos para a newsletter propriamente dita, um lembrete: evito linkar aqui textos, vídeos e áudio que estão atrás de um paywall rigoroso. Se um link está sob paywall, é porque 1) ele pode ser aberto após uma inscrição gratuita no site; ou 2) pode ser, digamos, acessado com a ajuda de alguma ferramenta online. Qualquer problema, dá um toque!
Os influenciadores estão por toda parte. Todo mundo hoje é um inflouenciador, parece. Veja o Brasil: temos 10 milhões de influenciadores por aqui.
Mas o que faz o Brasil ter 10 milhões de influenciadores?
Em primeiro lugar, “a baixa barreira de entrada para se tornar um influenciador. Significa que, para atuar profissionalmente como influenciador, não é preciso passar, por exemplo, pelo que chamamos de ‘paradigma do expert’.”
Ou seja: basta criar uma conta em uma rede social e passar a fazer conteúdos sobre algum tema. Se a comunicação for atraente, aumenta a chance de entrar grana na jogada.
Mais ou menos na mesma linha, esta reportagem, em inglês, pergunta: “Os consumidores ainda estão comprando o que celebridades e influenciadores estão vendendo?”.
“À medida que as redes sociais continuam a moldar os hábitos de compra, a influência de celebridades e personalidades online está sendo recebida com um crescente ceticismo”, afirma a WWD.
“De acordo com um estudo recente da Harris Poll realizado para a Credit Karma, quase 69% dos usuários de redes sociais nos Estados Unidos relataram ter sido ‘desinfluenciados’, o que significa que escolheram intencionalmente não comprar itens anunciados nas redes sociais. A principal razão para essa decisão é a falta de confiança nos influenciadores das redes sociais, citada por 32% dos consumidores.”
Está acabando a era dos youtubers que se apoiam em vídeos cheios de efeitos visuais e sonoros? Acho que não, mas há uma corrente de criadores que está seguindo outra linha. Eles vêm “conquistando grandes audiências ao postar conteúdos simples e crus, com edição zero ou extremamente mínima”.
“Após anos imersos em conteúdos editados para reter a atenção, cheios de gráficos exagerados, texto em negrito na tela, efeitos sonoros e elementos visuais, o público está se voltando para vídeos mais simples e sem edições.”
Um desses youtubers afirma: “A razão pela qual as pessoas estão gostando dessa forma de conteúdo é porque parece espontâneo, porque parece que é alguém que está apenas falando com você”.
A internet pode ser infinita e cheia de possibilidades, mas há um ponto que preocupa: a preservação da memória.
Em um instante, suas fotos, textos, livros, filmes, músicas, o que for: podem desaparecer para sempre. Aconteceu com o MySpace, aconteceu com a livraria digital da Microsoft (todos os ebooks comprados ali sumiram) e certamente vai ocorrer novamente.
O assunto é sério, envolve muita coisa. Atualmente, 6 bilhões de fotos e vídeos são colocados no Google Photos a cada dia. O que nos leva a uma “corrida para salvar nossas vidas online de uma era digital sombria”.
“Para muitos arquivistas, os alarmes estão tocando. Ao redor do mundo, eles estão recuperando sites desativados ou coleções de dados em risco para salvar o máximo possível de nossas vidas digitais. Outros estão trabalhando em maneiras de armazenar esses dados em formatos que durem centenas, talvez até milhares de anos.
O esforço levanta questões complexas. O que é importante para nós? Como e por que decidimos o que manter —e o que deixamos de lado? E como as futuras gerações vão interpretar o que conseguirmos salvar?”
Está difícil convencer a galera a voltar ao trabalho presencial, então uma alternativa que encontraram nos EUA foi a construção de “resorts para trabalho”. É como se a WeWork funcionasse dentro de um clube-spa.
“Transformar escritórios tradicionais em espaços de trabalho com comodidades semelhantes às de hotéis é chamado de ‘hotelificação’. Nesta nova tendência, há um foco adicional na ‘experiência de hospitalidade’, que a arquiteta Amy Campbell descreve como ‘antecipar as necessidades das pessoas e criar soluções para elas’. Campbell mencionou que a hotelificação está se expandindo em diversos setores, incluindo residências e aeroportos, e prevê que isso se tornará ‘um mercado de nicho em crescimento’.”
Recentemente, o Spotify anunciou que passou a tomar medidas contra artistas que utilizam robôs para inflar números de streaming. Mas a plataforma (não só ela, claro, mas por ser líder de mercado, o Spotify é a mais visada) está no centro de um novo problema: bandas “falsas” que fazem versões de músicas famosas para ganhar audições em playlists.
“Covers de músicas populares estavam sendo inseridos em grandes playlists públicas, escondidos entre dezenas de outros covers de artistas reais, acumulando milhões de reproduções e sendo remunerados por isso. Os artistas que ‘interpretavam’ os covers —como Highway Outlaws, Waterfront Wranglers, Saltwater Saddles— seguiam um certo padrão: tinham centenas de milhares de ouvintes mensais, zero presença nas redes sociais e bios que pareciam ter sido geradas pelo ChatGPT. (...) Nenhuma dessas bandas tinha músicas originais, mas um grupo podia fazer covers de Red Hot Chili Peppers e Third Eye Blind e, em seguida, mudar para Linger, dos Cranberries, no mesmo disco. Se você não pensasse que a música era feita por uma IA, provavelmente não suspeitaria de nada.”
“O disco (What’s the Story) Morning Glory?, do Oasis, significa o mundo para mim. Durante grande parte da minha vida, nos anos 1990, eu estava à beira da falta de moradia — em certo momento, vivendo com minha família em uma van. Sem televisão ou brinquedos, meus irmãos e eu dependíamos principalmente de livros e de um rádio a pilha para entretenimento. Nos dias em que nos cansávamos disso, geralmente durante o calor sufocante de um verão em Chicago, meu irmão, minha irmã e eu sonhávamos em escapar do oeste árido e cheio de gangues para algum lugar mais seguro. Éramos negros, mas o pior é que éramos pobres. Só encontrei uma certa estabilidade financeira na adolescência. Foi também nessa época que descobri o Oasis.”
Quando publciarem um Best Of de entrevistas, este trecho estará incluído:
GQ: Didn’t you always feel like a freak growing up?
Tom Ford: I thought I was fabulous and everyone else was stupid.
As imagens desta newsletter estão no livro e na expo I’m So Happy You Are Here: Japanese Women Photographers from the 1950s to Now.
→ Para ouvir, de Jimi Hendrix a Taylor Swift: “9 grandes músicas gravadas no Electric Lady Studios”.
→ Um sintetizador novo que vem com centenas de sons medievais embutidos.
→ Nigéria e Fela Kuti: Como um país entrou em guerra contra um músico e perdeu.
→ Como amadurece um youtuber que ficou super-famoso quando criança?
→ “De acordo com o relatório Global Fax Services Market—Outlook & Forecast 2023-2028, o mercado de fax pode esperar uma taxa de crescimento anual de 11,05% durante esse período, aumentando de US$ 3,18 bilhões em 2022 para US$ 5,96 bilhões em 2028.” Sim, o mercado de fax está crescendo.
→ O Departamento de Trânsito de Nova York coloca em seu site as imagens, quase em tempo real, de 900 câmeras de trânsito que estão espalhadas pela cidade. Então um cara desenvolveu um app que pega as imagens dessas câmeras para usar em selfies.
→ Cinco pesquisadores publicaram um estudo que afirma que “pessoas atraentes são menos propensas a jogar videogames”.
→ Tonecraft. (Pra brincar de sintetizador.)
→ LinkedIn Lyrics. (Por favor.)