Músicos terão de virar criadores de conteúdo em vídeo?
O passado e o presente da música passam pelo TikTok. A Sofia Coppola e o romantismo das adolescentes. Isso e mais, aqui nesta MargeM 229
Heyyyyy. Obrigado por estar aqui. Esta MargeM está daquele jeito, com bastante coisa sobre cultura digital, cultura pop, comportamento e a intersecção de tudo isso. A próxima edição vai vir recheada com algumas das coisas legais que tenho visto, ouvido e lido nos últimos dias. E a lista de melhores do ano vem numa ooooutra edição. Até!
Nathan Hubbard já passou por Ticketmaster e Twitter e agora comanda a Firebird, uma agência que pretende aumentar a receita de músicos e bandas por meio de marketing, tours e outros negócios.
Em entrevista à Fast Company (na qual foi chamado de “a pessoa mais criativa da indústria da música”), o cara diz que músicos terão de ser, também, criadores de conteúdo em vídeo e que não dá para pensar a indústria da música sem o TikTok. Trechos:
“É impossível pensar que no futuro os artistas da música não serão também criadores de vídeos de curta duração. Se você pretende alcançar seu público, lançar músicas sem ter uma presença em vídeo, em que você está se conectando com seus fãs, é quase impensável”;
“O TikTok é incontestavelmente a plataforma mais importante na indústria da música. (...) Olhando para o futuro, tenho três preocupações. Um: se, algoritmicamente, ela está realmente destacando o melhor conteúdo. Dois: se está remunerando os artistas de forma justa. Três: a indústria está dependendo demais de uma plataforma que é relativamente prejudicial para a maior parte do mundo livre?”.
“O TikTok provavelmente será a última plataforma na qual os artistas não terão algum tipo de participação acionária”.
Bem, se o TikTok é a plataforma mais importante no mundo da música, isso vale não apenas para os mais novos, mas também para artistas que já têm certa bagagem.
Um exemplo é a banda Mother Mother. O grupo era praticamente desconhecido fora do Canadá, até que foi redescoberto na plataforma. Hoje tem mais de 8 milhões de ouvintes mensais no Spotify – o dobro de um famoso conterrâneo, o Arcade Fire.
“Embora o TikTok seja um componente essencial do plano de marketing de qualquer gravadora, a viralidade de um hit não pode ser planejada. (...) Para artistas mais antigos, distantes alguns anos do público-alvo central do TikTok, a ressurreição de uma música parece um presente encantador, mas inexplicável, dos deuses”, contextualiza a matéria.
Músico da banda Keane, do hit Somewhere Only We Know, Tim Rice-Oxley conta que, por causa do TikTok, o público do grupo nos shows ficou mais jovem: “Em mais de 20 anos, vimos nossa audiência envelhecer conosco, mas de repente havia muitas pessoas muito mais jovens. Perguntei por quê, e comecei a ouvir falar sobre o TikTok”.
O trap talvez ainda não ocupe o topo dos gêneros mais ouvidos no Brasil, como sertanejo e funk, mas seus artistas estão ganhando cada vez mais espaço em festivais pop.
Muito disso é graças à tecnologia. E a redes como Instagram e TikTok.
“O público jovem está dentro dessas plataformas, consumindo o tempo inteiro. Então, tendo conteúdos relacionados a música nesse estilo, a galera vai se identificar mais e vai consumir mais”, disse Ecologyk, jovem produtor de trap que já trabalhou com Veigh, Derek e Sidoka.
Se você tem acima de, sei lá, uns 30 anos, talvez já tenha se sentido nostálgico por algo que vivenciou tempos atrás. O “ciclo nostálgico”, ou marketing da nostalgia, geralmente ocorre em um ciclo de 20 a 30 anos.
Mas esse tempo pode estar diminuindo. E bastante. Por dois fatores: a pandemia e a urgência das redes sociais. Além de nostalgia, hoje temos a “nowstalgia”.
“As pessoas estão ficando nostálgicas por coisas que aconteceram na semana passada, ou no mês passado, ou no ano passado”, disse uma professora na matéria linkada acima.
”Uma empresa que apostou na nostalgia em tempo aparentemente recorde é a Netflix. Em setembro, no mesmo dia em que o gigante do streaming encerrou seu serviço de entrega de DVDs por correio, eles lançaram um saco de dormir que imita a aparência e o design dos envelopes vermelhos característicos que marcaram o início da empresa.”
“Como as adolescentes estão ‘romantizando’ o seu dia a dia inspiradas no universo de Sofia Coppola”, escreve o El País. Segundo o jornal, a diretora virou referência para muitas mulheres nas redes por uma habilidade toda própria na composição de cenas, na cuidadosa direção de arte e no humor de seus personagens. Trechos:
“Quase 25 anos após o marco cultural que representou a estreia de seu primeiro longa-metragem, As Virgens Suicidas, o culto a Sofia Coppola ressurgiu entre a geração Z.”
“Coppola é a mestra do que é conhecido no TikTok como ‘all vibes no plot’ (algo como apenas atmosfera, sem trama) e especialista em refletir esse estado suspenso entre a adolescência e a maturidade com o qual os jovens de vinte e poucos anos se identificam no atual ciclo de crises. Outra verdade é que ela deu permissão às garotas para ficarem tristes, para não estarem constantemente em um estado animado. As heroínas de seus filmes nunca sorririam se alguém insistisse. Ela é o antídoto que precisávamos após o fardo da positividade tóxica que nos impuseram.”
A indústria de podcasts deixou de ser vasta, barata e rentável para se tornar vasta, cara e com inevitáveis prejuízos financeiros.
A análise é de Adam Davidson, que comandou uma produtora de podcasts nos EUA. No artigo, ele compara a situação dos podcasts em 2018 e em 2022.
O que mudou? A entrada de celebridades, investimentos pesados do Spotify e concentração de verbas de marketing. A análise é baseada no mercado americano, mas serve também, em boa parte, para o brasileiro.
As imagens desta edição são de Jessica Madavo, jovem fotógrafa sul-africana que já clicou para publicações como The Face, AnOther, NYT T Magazine, entre outras.
→ Acabou a era da exclusividade no streaming? Estúdios estão voltando a licenciar filmes e séries para Netflix e outras gigantes do setor.
→ Um carioca de 30 anos que é social media da Bradesco Seguros criou um perfil no Twitter para postar memes sobre o time Minnesota Timberwolves. Ultrapassou as fronteiras brasileiras.
→ Com Cardi B, Anitta, Peso Pluma e outros, o In The Mix, primeiro festival do TikTok, foi o evento ao vivo com a maior audiência da plataforma.
→ O que são song camps? “Conheça a reunião de autores que criam hits que você ouve.”
→ Como Taylor Swift, Beyoncé e Madonna ficam em forma para seus shows.
→ Uma escritora estreante foi dispensada por sua editora e seu agente após acusações de que havia criado perfis falsos para postar críticas negativas de diversos autores no Goodreads.
→ Por dentro da crise da OpenAI sobre o futuro da inteligência artificial.
→ Coletânea apresenta panorama de cinco décadas da obra gráfica de Angeli.
→ Loja conceito de cannabis abre em São Paulo.
→ Parece que nenhuma área estará livre das IAs. Um algoritmo conseguiu acertar de qual propriedade vieram 80 vinhos tintos de Bordeaux.
→ MDMA na reta final para tratar estresse pós-traumático.