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Jornalistas como marcas. Um livro crítico sobre a economia dos influenciadores. Fotos do nascimento do hip hop. O retorno do emo. E mais, nesta MargeM 179.
Get Rich or Die Tryin' é o título do primeiro disco do 50 Cent. E inspira o nome do novo livro Get Rich or Lie Trying, que foi muito bem resenhado neste artigo.
O livro é um levantamento crítico ao que se convencionou chamar Economia dos Criadores, ou Economia dos Influenciadores.
Como diz o artigo, e algo já comentado várias vezes aqui na MargeM, há mais de 3 milhões de pessoas no mundo que se consideram influenciadores e querem ganhar grana com isso. É uma economia que movimentou quase US$ 14 bilhões no ano passado.
O livro, segundo o artigo, foca muito mais em histórias do que em estatísticas, o que é um ponto forte e um ponto fraco. "A abordagem centrada em entrevistas produz alguns insights psicológicos a respeito das esperanças e aspirações desses wannabe influenciadores: eles estão unidos, acima de tudo, por um desejo intenso de progredir em um mundo de oportunidades limitadas".
Tem muita coisa (ou, conteúdo) sendo produzida por aí, todos os dias, em todos os lugares e redes e plataformas. E tudo com um único objetivo final: capturar a atenção de quem se depara com esse conteúdo. Quanto mais tempo você dedica a um conteúdo, mais valioso se torna esse conteúdo.
O que nos leva a este curioso e divertido artigo, que descreve um certo "colapso da atenção" -o mote: este vídeo da CNN sobre a guerra na Ucrânia que é encerrado por um anúncio da Applebee's. Abaixo:
Volta ao artigo. "Esse tanto de 'conteúdo' não é mais feito com uma audiência em mente – ao contrário, é feito a serviço de um recurso abstrato chamado atenção. O 'colapso da atenção' ocorre quando o conteúdo destinado a capturar um tipo de atenção captura outro tipo (de atenção".
Mais: "O 'colapso da atenção' está acontecendo o tempo todo, mas apenas certos desastres aumentam a nossa sensibilidade a ele. Por exemplo, não é mais chocante ver atualizações de pandemia ao lado de um tweet sobre a semana de moda ou receber um alerta do Apple News sobre um protesto enquanto vemos um TikTok sobre peidos. Certos tipos de 'colapso de atenção' já são habilmente administrados – um editor de homepage de um jornal nacional cujo trabalho é não colocar as receitas muito perto dos refugiados."
A Taylor Lorenz era uma das principais repórteres de tech e cultura digital do New York Times. Mas trocou o maior jornal do mundo pelo Washington Post. Por quê? Basicamente porque, no NYT, ela não conseguiria fazer tudo o que queria. Ela virou uma marca, e quer atuar como tal.
No NYT, há regras mais ou menos restritas para os jornalistas que desejam fazer projetos à parte. Não é permitido iniciar um projeto em algo que seja considerado concorrente. E, atualmente, do TikTok à Netflix, do YouTube ao Substack, todo mundo é concorrente.
Lorenz fala aqui sobre a situação e escancara como jornalistas hoje se veem como marcas: "Quando você pensa no futuro da mídia, (ele) é muito mais distribuído e tem a ver com personalidade. Os jovens reconhecem o poder de ter a sua própria marca e público, e quanto mais tempo você fica em um emprego que te restringe de oportunidades externas, menos relevante a sua marca se torna."
Nestes últimos dois anos já li umas 458 mil análises a respeito de como a pandemia mudou o mundo, as pessoas, os relacionamentos, o trabalho, a educação. Mas é a primeira vez que vejo este recorte: Como a pandemia mudou o sutiã.
A foto acima e a que abre esta newsletter são da francesa Sophie Bramly, que passou o início dos anos 1980 fotografando tudo o que envolvia o hip hop em Nova York. Ela publica o livro Yo! The Early Days of Hip-Hop 1982-84.
O retorno do emo. O gênero, segundo esta reportagem, está mais vivo do que nunca e alimenta diversos nome do pop atual, de Anitta a Olivia Rodrigo.
Lá nos anos 1990, o emo pegava contornos musicais do punk e do hardcore e adicionava um discurso emotivo e sensível.
À reportagem, Moysés Pinto Neto, professor do programa de pós-graduação em estudos culturais da Universidade Luterana do Brasil, diz: "Houve ali uma transição de uma juventude mais agressiva e masculinizada, que ouvia muito Nirvana e Oasis, para uma turma mais sensível, interessada em transgredir pelo caminho do escapismo. Queriam um mundo em que fossem compreendidos. Também são figuras andrógenas, que propõem uma desconstrução de masculinidade, algo muito pertinente a debates tão caros nos dias de hoje.”
"Pessoas brancas adoram chamar outras pessoas brancas de 'pessoas brancas'."
"Na maioria das vezes, a linguagem da crítica racial está sendo cooptada para reforçar alguma outra crítica não relacionada, às vezes sem pensar, mas muitas vezes (feita) cinicamente e de má fé. Todo senso de coerência intelectual se dissolve em uma lama nebulosa de hipocrisia venenosa. Nem é preciso dizer que só é apropriado trazer para a conversa a raça de alguém se isso tiver alguma relevância direta para o assunto em discussão. Esse clichê bobo vem empobrecendo o nosso discurso há muito tempo. Ficaremos melhores sem ele."
Todo mundo precisa de terapia?
”Muita gente chega enganada aos consultórios esperando receber um plano de vida e se desinteressa ao se dar conta do que se exige delas. Dinheiro também, mas tempo, implicação, disposição para mexer em coisas difíceis de serem mexidas, para iniciar uma relação de parceria com aquele profissional. As variáveis são muitas, as garantias são poucas”, escreve Vivian Whiteman.
A Nilüfer Yanya, que acaba de lançar o excelente disco PAINLESS, foi à francesa Radio Nova para esta ótima sessão com seis faixas.
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O colapso da atenção
Boas dicas, como sempre, valeu
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