O TikTok é a nova TV, e músicos viraram marcas
O "padrinho da inteligência artificial" não está nada otimista. Séries feitas para redes sociais. Bandas e músicos também são marcas. E mais, nesta MargeM 226
Nos últimos dias, vi não apenas um, mas dois perfis (ambos em inglês) do Geoffrey Hinton, mais conhecido como o “padrinho da inteligência artificial”. Professor de ciências da computação da Universidade de Toronto, ele não está nada otimista.
(Se não for a maior autoridade mundial no tema, Hinton está entre as maiores. Quando quis consultar um especialista em IA, a vice-presidente da Comissão Europeia ligou para ele. Hinton recentemente foi chamado para conversar com assessores do primeiro-ministro do Reino Unido; disse a eles que as IAs vão acabar com os empregos no mundo e sugeriu a criação de uma renda básica universal.)
Neste perfil (título da matéria: Rage Against the Machine), destaco um trecho:
“Sim, a inteligência artificial pode curar doenças, mitigar as mudanças climáticas e melhorar a vida na Terra de maneiras que ainda não podemos prever - se conseguirmos controlá-la. E se não conseguirmos? Hinton teme o pior: máquinas assumindo o controle da humanidade. ‘Eu não acredito que haja qualquer chance de mantermos o controle se elas quiserem o controle’, diz Hinton. ‘Será algo desesperador’.”
Neste outro perfil, ainda mais extenso, Hinton conta que muitas vezes é perguntado se se arrepende de seu trabalho. Ele diz que não. Um trecho:
“‘Para que um sistema seja eficaz, é necessário conceder a ele a capacidade de criar seus próprios subobjetivos’, explicou. ‘No entanto, surge o problema de que existe um subobjetivo muito abrangente que beneficia quase todos os objetivos: obter mais controle. A questão da pesquisa é: como evitar que eles desejem assumir o controle? Ninguém sabe a resposta’. (Ele observou que o controle não precisa ser físico: ‘Pode ser algo como a invasão do Capitólio por Trump, feita por meio de palavras.’).”
“O TikTok é a nova televisão.”
Sim, as redes sociais não apenas competem com as TVs e plataformas de streaming pela atenção das pessoas como passaram a exibir conteúdos que até pouco atrás eram encontrados apenas nesses outros meios.
Uma nova sitcom, Cobell Energy, produzida pelo Adam McKay, vai estrear apenas no TikTok, no Instagram e no YouTube.
Em um mundo em que tudo e todos estão se transformando em marcas, até que não surpreende que bandas e músicos também estejam investindo para fortalecer seus nomes como produtos.
O Gene Simmons, baixista do Kiss, fala abertamente:
“Esta turnê é o fim do caminho para a banda, não para a marca. Kiss é um universo próprio – filmes, mercadorias, talvez até a Broadway. (...) Há um museu do Kiss em Las Vegas, no Rio, chamado KISS World, e, ah, meu Deus, temos cruzeiros do Kiss, um filme sendo lançado e estamos trabalhando em um programa de desenho animado, um monte de coisas. E claro, todos os brinquedos e jogos divertidos que continuarão. O show do Kiss viverá de maneiras diferentes. Sim, isso está sendo planejado. Também serão de quatro a dez shows itinerantes diferentes. Então, você poderá estar no Japão e ter atores e músicos japoneses sendo nós e, ao mesmo tempo, poderá ir para Las Vegas, Nova York ou Londres.”
Os Beatles descobriram há tempos que são donos de uma marca poderosíssima. Este texto tenta explicar o “genial e duradouro tino marqueteiro dos Beatles”.
O TikTok está impulsionando um novo subgênero de música na América Latina : faixas que falam sobre o mundo dos entregadores. Algumas:
Entregador do iFood, Motoboy, Soy Rappi, Vida de Motoboy.
Um mix e uma playlist:
O Erol Alkan fez um mix de duas horas e meia em homenagem aos 30 anos do selo/festa Bugged Out!. Ele pegou uma faixa de cada ano, entre 1994 e 2023. Tem Franz Ferdinand, Felix da Housecat, Alter Ego, Helena Hauff, Vitalic, Green Velvet, DJ Koze e muita gente legal.
E duas produtoras iranianas criaram a playlist Intended Consequence, só com faixas de artistas iranianas. A história toda e a playlist estão aqui.
Nascido na Namíbia, Kyle Weeks passou seis anos fotografando a juventude de Accra, capital de Gana. Ele publicou as imagens no livro Good News. As imagens desta MargeM são dele.
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a curadoria dessa news é muito boa, essa edição tá incrível!