Para as big techs, o inverno está chegando
Esta é a MargeM 197. A recessão chega às big techs. O furacão que atingiu o Twitter. O espetacular filme O Desconhecido. E mais.
Na quinta-feira (3/11), a Lyft demitiu 700 funcionários e a Stripe, 1.000. Nesta sexta, o Twitter desligou 3.700 profissionais, metade de sua força de trabalho (inclusive no Brasil).
As big techs, antes tidas como imunes a crises e contratempos, agora sofrem com a recessão que ameaça o mundo em 2023.
“Nunca tinha visto tantas demissões anunciadas no mesmo dia", disse o economista-chefe de São Francisco a respeito apenas daquelas ocorridas na quinta-feira.
De janeiro para cá, 16.772 trabalhadores foram demitidos em 138 empresas do Vale do Silício.
O aperto no cinto já pegou, de uma maneira ou outra, as demais grandes companhias. A Amazon vai cortar cargos, a Apple congelou contratações, assim como a Meta (Facebook) e a Alphabet (Google).
A recessão afeta a todos, claro, mas chega às big techs em um contexto todo próprio. Na última década, para essas companhias, gastar dinheiro era um modo de vida: “Os gastos são os superpoderes das Big Techs”.
A Jessica Lessin, fundadora do site de tech The Information, aponta dois fatores que ajudaram a desenhar o cenário atual: essas empresas superestimaram o boom tecnológico ocorrido durante os primeiros dois anos de pandemia; e sempre gastaram sem freios.
“Pagavam muito por talentos –porque podiam. Suas margens eram incríveis. Adquiriram grandes empresas a preços altos porque o que mais eles fariam com todo o seu capital?”
O caso do Twitter é dramático. Não está, nem de longe, entre as rede sociais mais populares do mundo ( Facebook: 2,9 bilhões de usuários mensais ativos; YouTube: 2,5 bi; Instagram: 1,4 bi; TikTok: 1 bi; então vêm outras, como Kwai, Snap, Pinterest, até chegarmos ao Twitter: 436 milhões).
Mas o Twitter é bastante usado por políticos, investidores, jornalistas. É a rede em que as notícias aparecem primeiro (foi ali que soubemos, antes, que Osama bin Laden havia sido morto em 2011). Elon Musk dá valor a isso, e comprou a companhia em 27 de outubro.
Neste pouco mais de uma semana, Musk virou o CEO e transformou o Twitter em um experimento entrópico. Além das demissões (inclusive todo o setor de Direitos Humanos da empresa, por exemplo), está planejando mudanças drásticas na dinâmica e no funcionamento da rede:
- mensagens diretas pagas (usuários poderiam mandar mensagens para celebridades, por exemplo);
- vídeos com paywall (uma espécie de OnlyFans);
- retorno do Vine (a ferramenta de vídeos curtíssimos);
- pagamento de US$ 8 para quem quiser ter a marcação de perfil verificado.
Além disso, a ideia de que o Twitter possa ser um lugar de liberdade de expressão absoluta, sem moderação, tem assustado diversos grandes anunciantes. Quem esteve no Twitter nos últimos dias provavelmente notou a queda da quantidade de anúncios na rede.
E, enquanto comanda o furacão, Elon Musk continua como CEO da Tesla e da SpaceX. Como disse este jornalista, “Se um cara pode ser CEO de três empresas ao mesmo tempo, isso revela que ser CEO não é um trabalho muito exigente ou importante”.
Que coisa maravilhosa é esta versão ao vivo de Sister Ray, de 1976, com o Lou Reed à frente de uma banda que incluía até um sax (Marty Fogel).
Para comparar: a original do Velvet Underground.
Sombrio, angustiante, desconcertante. Este é O Desconhecido, filme australiano que mostra que a Netflix sabe produzir cinema que não depende de super-heróis ou de narrativas banais.
É baseado em uma história real. Um policial disfarçado encontra o suspeito do desaparecimento de uma criança ocorrido anos atrás. A operação tenta fazer com que o cara confesse o crime. Linguagem seca, ritmo tenso.
As fotos desta newsletter são da surrealista Dora Maar. Foram feitas pela francesa nos anos 1930 e estão em exposição.
Novo bar de São Paulo, o Bar Alto terá a ótima banda inglesa Shame na abertura.
Celulares devem mudar a aparência humana até o ano 3000.
"Como eu decidi que o deslizar para a direita seria o movimento-chave do Tinder."
O YouTube lançou uma espécie de serviço de streaming.
O multiverso é o lugar em que a originalidade vai para morrer?
O que assistir em uma viagem de avião.
Rewind, "a ferramenta de busca da sua vida". ("Gravamos tudo o que você viu, disse ou ouviu e tornamos pesquisável. Para a sua privacidade, armazenamos todas as gravações localmente no seu Mac. Só você tem acesso a elas.")
Infinite Conversation. ("Uma discussão interminável gerada por IA entre Werner Herzog e Slavoj Zizek.")
Jogue xadrez contra Grandes Mestres.
Mais uma edição primorosa! Parabéns
Muito bom!