Quando uma cidade valoriza a vida noturna
Londres cria força-tarefa com objetivo de ajudar casas que movimentam a noite; o vídeo lindo da Oklou; e mais, nesta MargeM 251
Por que isso não rola nas cidades brasileiras? Por que uma metrópole como São Paulo não ganha algo parecido?
Tô falando sobre a iniciativa do prefeito de Londres, Samir Khan, de criar uma “força-tarefa” para impulsionar a vida noturna da cidade.
O grupo é formado por 11 profissionais que estão conectados a atividades que impactam cerca de 1,4 milhões de pessoas na capital inglesa. Cameron Leslie, um dos co-fundadores do superclub Fabric, é um dos comandantes da força-tarefa.
Por seis meses, o grupo vai avaliar quais são os problemas e as oportunidades que existem dentro da vida noturna da cidade. Alice Hoffmann-Fuller, que passou pelo Corsica Studios e faz parte do grupo, explica:
“Vamos entender o que está funcionando e o que não está, do ponto de vista comercial. Há uma grande diferença entre as necessidades de uma casa de show de música independente e as de um clube, por exemplo, então precisamos desenvolver abordagens diferentes para atender às necessidades específicas de cada segmento. No caso dos clubes, é bastante óbvio qual é o principal problema no momento: os custos operacionais. Esses custos frequentemente são muito maiores do que a receita gerada”.
Governos que entendem a vida noturna como importante setor econômico e social de uma cidade são raros, mas existem. Berlim é o caso mais famoso. Algumas ações que ajudam os clubes da capital:
as casas noturnas foram declaradas “instituições culturais”, o que faz com que recebam os mesmos benefícios de museus;
como instituições culturais, os clubes vão ganhar parte dos quase 1 bilhão de euros destinados ao fomento da cultura da cidade.
Mesmo com toda a ajuda, nem tudo é festa em Berlim. Os custos para manter um clube são altos e o apetite imobiliário está levando ao fechamento de casas como o Watergate.
Mas lá eles pelo menos reconhecem que a vida noturna é importante para uma grande cidade. Aqui é o contrário: os governos fazem tudo para atrapalhar qualquer ação ligada a clubes e festas.
Uma pista de gelo e seis patinadoras é tudo o que a esperta cantora francesa Oklou precisa para apresentar Blade Bird durante uma sessão para a rádio online NTS. A faixa é um dos singles do primeiro disco dela, Choke Enough, que sai agora neste dia 7.
Martha Stewart não é muito conhecida no Brasil, mas há décadas está entre as personalidades de mídia mais famosas dos EUA. A Netflix está exibindo um doc que relembra os (muitos) altos e (poucos, mas agudos) baixos da carreira — desde a juventude como modelo passando pela chefia de um negócio de catering e pela criação de um império de revistas e publicações sobre decoração, comida e bem-estar. E pega, ainda, o período em que foi presa acusada de mentir para o FBI (e a sua redenção tardia, em que virou parça do Snoop Dogg).
O que vale mesmo no filme é a sacada que Martha Stewart teve ainda nos anos 1900: percebeu que investir em sua figura, em seu nome, poderia ser tão ou mais recompensador do que estar dentro de uma empresa.
Mesmo que você não conheça Martha Stewart, vale ver o doc. Porque ela talvez tenha sido a primeira grande influenciadora do mundo.
Se estamos mesmo vivendo em uma época em que muita gente (especialmente jovens) está colocando o sexo como prazer supérfluo, parece que tem um grupo demográfico que não concorda muito com isso: as mulheres da Geração X.
Uma jornalista escreveu a respeito:
“Em 2019, me divorciei aos 46 anos e passei a ter mais e melhor sexo do que jamais imaginei ser possível. Nunca teria imaginado que o fim de um relacionamento de 20 anos significaria o início de uma nova era de intenso erotismo; seria necessário estar iludida para pensar nisso.
(...) Voltar a ter uma vida sexual plena no final dos meus 40 anos parecia estranhamente intuitivo, como ouvir uma música antiga favorita e perceber que, é claro, eu ainda a letra de cor. Havia novos caprichos — eu preparava refeições decadentes, comprava lingeries absurdas, fingia que sempre tinha uísque japonês à mão —, mas também descobri que estava melhor no sexo, e isso porque eu era mais velha.”
As fotos desta edição são da expo Based on a True Story, com imagens de três fotógrafas que “capturam vidas afetadas por conflitos e memória cultural”.
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A Doechii ganhou (merecidamente) o Grammy de disco de rap do ano. Um dos produtores. Bem, um dos produtores do disco ficou sabendo do prêmio quando estava entregando encomendas para a Amazon.
O cara que ensinou Angelina Jolie e Timothée Chalamet a cantar.
Evento que discute o ecossistema da música, a Sim São Paulo será realizada entre 17 e 21 deste mês. Ed O'Brien, guitarrista do Radiohead, é um dos convidados.
Até que demorou: uma empresa está oferecendo a celebridades e executivos um seguro contra cancelamento.
Uma plataforma quer proporcionar aos usuários do Bluesky a chance de ganhar uma grana com os conteúdos publicados.
A Disney deve centralizar todos as suas plataformas de streaming no Disney+.
Este 2025 pode ser o primeiro ano em que as plataformas de streaming gastarão mais dinheiro produzindo conteúdo do que as emissoras de TV.
Estima-se que os americanos vão gastar mais de US$ 1,4 bilhões com apostas envolvendo o Super Bowl (que será realizado neste domingo).
O diário no qual Joan Didion escrevia as conversas com seu psiquiatra vai ser publicado em livro.
“Tá se sentindo sozinho? Adote uma nova família no Facebook.”
“Como o mundo digital está transformando nossos rostos e corpos.”
“Todo mundo está sozinho, mas ninguém consegue se encontrar.”
As melhores (e as piores) cidades para namorar e encontrar o amor (segundo os moradores locais).
Sobre o texto que abre a newsletter de hoje: em 2014, rolou em São Paulo o Seminário da Noite, que tinha como propósito debater políticas públicas que levassem a uma cidadania para todos e 24 horas. As discussões renderam um livro chamado Manifesto da Noite (que pode ser encontrado de graça no Google; também tem esse vídeo aqui https://vimeo.com/111531928). A iniciativa era do Colaboratório, mas a prefeitura apoiou. O prefeito era o Haddad, Dilma era a presidenta e dava para sonhar com algum futuro