Sobre comunidades, reggaeton e camisa da Seleção
Nesta era digital, as comunidades importam muito. Um novo nicho de influencers no LinkedIn. O reggaeton ganha uma nova sede. Um set da Yasmin Turbininha. O Bruno Berle. As fotos da Joana Jackson. E mais, nesta MargeM 188.
Muito do que marcas, pessoas e artistas buscam hoje tem a ver com comunidade. Criar um ambiente em que gente especializada, fãs e nem-tão-fãs possam se reunir para interagir em torno de um ponto em comum.
Star Wars só é o que é porque, meio que por acaso, mobilizou uma comunidade em torno dos seus personagens. K-Pop é comunidade. Muito do sucesso da A24, produtora de filmes como Midsommar e Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, está no modo como os fãs encaram a empresa (este podcast explica um pouco). Companhias como Apple e Red Bull investem nisso. Streamers do Twitch entenderam esse negócio há tempos.
Mas falamos apenas de uma das pontas da coisa. O senso de comunidade, de pertencer a um grupo, importa bastante para muita gente que tem o computador ou o celular como janela para o mundo. E esse ponto de vista tá bem desenhado neste artigo, parte da série NextGen 2022 - Como os jovens usam a tecnologia para navegar em nosso estranho mundo novo, do Verge.
O autor do texto escreve sobre a experiência de frequentar o canal de Twitch do produtor de rap Kenny Beats. Ele, o autor do texto, não produz música, mas ele ficou vidrado na maneira pela qual Kenny ensinava a criar beats e em como os participantes daquele canal interagiam entre si.
"Eu não faço música, mas assistir a Kenny fazer música era como assistir atletas praticando esportes ou streamers do Twitch jogando videogame. É sempre uma emoção ver alguém operando no topo de seu jogo. Sua criatividade me inspira, e muitas vezes me pego lançando aos meus amigos ideias malucas na tentativa de recriar o ambiente que Kenny criou."
E finaliza: "As pessoas que encontrei em seu canal realmente se importam e querem apoiar umas às outras, seja em nossos esforços criativos ou em lutas pessoais. Mesmo que os streams de Kenny Beats desapareçam, a comunidade ainda está aqui".
Esquece um pouco YouTube, Instagram, Twitter, TikTok e toda aquela conversa sobre criadores e como o TikTok pode estar dando início ao fim da “era das redes sociais”. Porque tem uma rede que, parece, se posiciona um mundo à parte, com um funcionamento todo próprio. No LinkedIn está crescendo um novo nicho de influenciadores: aqueles que falam não para o consumidor final, mas para empresas (ou, melhor, para profissionais que têm poder de decisão nas empresas).
Em dezembro de 2021, o LinkedIn tinha mais de 144 mil usuários que colocaram “criador” em seu cargo – aumento de 16% em relação ao ano anterior. E, eles dizem, há mais de 18 mil pessoas publicando newsletters regulares na plataforma.
Essa movimentação tem atraído marcas que querem falar com outras marcas. "A ideia do marketing de influenciadores B2B (de empresa para empresa) não é gerar vendas imediatas, mas estimular os principais executivos que gerenciam os gastos das empresas na direção de determinados produtos, porque as empresas são muito menos propensas do que os consumidores individuais a fazer compras por impulso."
O J Balvin explodindo nas plataformas de streaming; nomes como Beyoncé, Tiesto e Rosalía entrando pelas beiradas: o reggaeton está em todo lugar. Tão quente como o funk em festas brasileiras. E o novo epicentro desse gênero tão latino e tão global é Medellín.
"Demos uma certa ordem ao reggaeton. Quando você fala com artistas de outros lugares, eles não têm isso. Participamos de todo o processo: compomos aqui, produzimos aqui, interpretamos aqui e temos uma certa camaradagem que nos permite ser uma indústria especializada. Criamos nosso próprio som e estilo", conta o DJ Mixtime.
Se você está a fim de entender o que está rolando no funk brasileiro, este set da Yasmin Turbinha pra NTS está um brinco.
Bruno Berle - Quero Dizer
Vale ouvir este maceioense que acaba de lançar o disco No Reino dos Afetos. Gostei especialmente do jeito que a voz tranquila de Bruno se encaixa com beats que caminham sem pressa. Clima intimista e bem bonito.
Usar ou não usar a camisa da Seleção Brasileira? Desde 2013 a peça virou adereço de bolsonaristas, MBL e organizações que estão longe da ordem democrática. A CBF tenta mudar esse cenário. A estratégia é chamar nomes como o rapper Djonga para, assim, "despolitizar a camisa da seleção brasileira".
"Fãs do cantor e torcedores da seleção brasileira mostraram que a ação de marketing funcionou. Eufóricos, vários afirmaram que agora poderiam 'ser felizes' e comprar a nova camisa". Ideia bem-vinda. Já estava na hora.
Se você acompanha esta MargeM, deve ter percebido que gosto de ilustrar as edições com fotos de algum artista, exposição, livro. Vou passar a publicar regularmente imagens de fotógrafas e fotógrafos que têm trabalhos que gosto muito.
As desta edição são de Joana Jackson. Pedi pra ela contar um pouco sobre suas fotos:
“O que atrai meu olhar é aquele momento em que você se reconhece, se vê na mesma situação. Nem sempre de uma experiência vivida, mas também de uma fantasia, um desejo ou só uma imagem familiar.
Gosto da definição de comfort food, traduz bem o que escolho registrar, e as cores são aquele alto teor calórico que o corpo pede.
A simplicidade humana me conforta – por mais únicos que somos ou fazemos, sentimos e caminhamos de jeitos muito parecidos.
Ah, e gosto também de outro termo 'americanóide', 'Wear the Weird on the Outside'; as crianças são ótimas mestras!”
O Spotify está mudando o app para separar melhor podcasts de música.
Com um acordo entre a Ticketmaster e o TikTok, será possível comprar ingressos de shows diretamente na plataforma.
A Netflix está cultivando um catálogo de games. Segundo o app Apptopia, cerca de 1,7 milhão de usuários da plataforma se envolvem com os jogos diariamente – mas esse número representa menos de 1% dos 221 milhões de assinantes da Netflix. E até o final do ano a empresa quer dobrar a oferta de games no cardápio.
Em uma arte: quais países bebem mais cerveja.
Music-Map. (Você escreve o nome de um artista e a ferramenta te mostra diversos artistas parecidos com ele.)
Explore. Tipo um Instagram das antigas.
Kubrick Times. ("Para fazer 2001: Uma Odisseia no Espaço, a equipe de Kubrick escreveu 36 manchetes futuristas do New York Times para aparecer em dispositivos semelhantes ao iPad. O HAL 9000 não está disponível, então usamos a tecnologia de rede neural da OpenAI para transformar essas manchetes em artigos completos gerados por IA.")
Nós Não Estamos Todos Juntos Infelizes. ("Neste jogo, você vai combinar dois personagens de Shakespeare que tiveram finais infelizes para ver se, juntos, eles têm um final feliz. Selecione dois personagens da lista e clique em GO. Em caso de sucesso, você terá uma cena entre eles; em caso de falha, você verá o que cada personagem está procurando. Isso pode lhe dar uma dica sobre quem seria uma combinação melhor.")
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