Spike Jonze foi visionário quando fez o filme Ela
IAs com voz humana podem gerar apego emocional nos usuários; o Moby; o Lucas Kid; o Nick Cave; e mais, nesta MargeM 240
Quem diria que Spike Jonze era um visionário?
Jonze dirigiu Ela (Her, no original em inglês) em 2013. Muita gente (incluindo eu), à época, não curtiu esse filme em que um cara se apaixona pelo sistema operacional de seu computador.
Não era qualquer sistema operacional: era bem inteligente, tinha traquejo emocional e a voz era de Scarlett Johansson.
Meio absurdo, certo? Bem, não mais. Em julho, a OpenAI lançou uma interface de voz para o ChatGPT. Traduzindo: você conversa com a máquina.
A IA consegue falar com uma voz tão parecida com a voz humana que a OPenAI agora avisa: há o risco de “alguns usuários se tornarem emocionalmente apegados ao seu chatbot”.
“Pesquisadores da OpenAI observaram casos em que a fala dos usuários transmitia um sentimento de conexão emocional com o modelo. Por exemplo, pessoas usaram expressões como ‘Este é o nosso último dia juntos’.”
Mais: a voz antropomórfica pode fazer com que os usuários confiem ainda mais nas respostas dadas pela máquina, mesmo se forem absurdas (as chamadas “alucinações”). E, com o tempo, pode até afetar o relacionamento dos usuários com outras pessoas.
Como vai ficar essa brincadeira?
“Na América Latina, ‘podcast’ e ‘Spotify’ se tornaram sinônimos; agora a indústria de áudio está lidando com o recuo da empresa.”
Esse é o tom desta reportagem que mostra como o Spotify chacoalha o cenário de podcasts de países como México, Argentina e Colômbia. Ajuda a entender como essa gigante do streaming determina as condições de mercado no setor de áudio em toda a América Latina.
(O título da matéria é meio hiperbólico: “Como o Spotify iniciou — e matou — o boom dos podcasts na América Latina”.)
Em resumo:
“O boom dos podcasts chegou tarde à América Latina, quando o Spotify começou a encomendar centenas de programas em 2019";
”A estratégia de (incentivar) alta produção teve seus críticos, mas ajudou a construir uma indústria, e o Spotify conquistou até 90% do mercado”;
”Agora que o Spotify congelou o financiamento para novos programas, os produtores de podcasts estão lutando para descobrir o que vem a seguir”.
Depois de a Apple segurar a gastança no Apple TV+, a Globo “admite que ‘errou a mão’ ao investir no Globoplay e que perdeu dinheiro”.
Duas coisas para ouvir:
Este set do Moby.
Esta faixa que brinca com Construção, do Chico Buarque. É de Lucas Kid, produtor de Maringá que mora em São Paulo. O disco todo dele está aqui.
Adoro o Nick Cave. Não apenas em músicas, mas em textos e em entrevistas. Ele vai lançar Wild God no próximo dia 30, e está promovendo o disco em talk shows como os de Stephen Colbert e da australiana Leigh Sales. (Ambos estão com legendas em inglês.)
Neste último, ele lembra como lidava com a fama e o lifestyle roqueiro:
“Durante a maior parte da minha vida, eu estava simplesmente impressionado com a minha própria genialidade, sabe, eu tinha um escritório e ficava lá escrevendo todos os dias, e o que quer que acontecesse na minha vida era periférico Isso simplesmente desmoronou completamente, e eu vi a insensatez disso, a espécie de autoindulgência vergonhosa de tudo isso”.
O luto é um assunto discutido em ambas as entrevistas. (Dois filhos de Cave morreram, um em 2015, outro em 2022). Ao Colbert, o cantor diz:
“Há um desejo de nos voltarmos para dentro e nos envolvermos na ausência da pessoa que perdemos, como se houvesse uma certa nobreza em nos envolvermos nessa ausência. Acho que isso é uma situação muito perigosa e um erro, e que devemos ser capazes de nos voltarmos para o outro lado, olhar para o mundo, entender que fazemos parte de um mundo e que o mundo está essencialmente cheio de pessoas que perderam coisas... Precisamos entender que é isso que somos.
E descobri que, ao olhar para o mundo dessa maneira, não o vi como um lugar cruel, mas como um lugar extraordinariamente e sistemicamente belo para se viver. E isso está lá fora. É por isso que estamos falando sobre esse álbum. É um álbum alegre... Existe alegria e felicidade de uma forma que nunca poderíamos acreditar possível do outro lado do luto”.
Uma das coisas mais lindas do mundo é ouvir Rings of Saturn ao vivo:
“And this is the moment, this is exactly what she is born to be
And this is what she does and this is what she is”.
As fotos desta edição da MargeM são de Catherine Opie, que está no Masp com a expo O Gênero do Retrato, em que clica o universo da comunidade LGBTQIA+.
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