Subornar para ler; a nova relação fãs-artistas
Uma mãe dá uma grana para a filha ler. O Spotify não é mais o mesmo? Como as redes afetaram a relação entre fãs e artistas. Um excelente show do Air. E mais, nesta MargeM 242
Você pagaria à sua filha ou ao seu filho US$ 100 (ou uns R$ 500) para ele terminar de ler um livro?
Porque foi isso o que fez a jornalista canadense Mireille Silcoff, como ela conta neste texto.
“Neste verão, paguei 100 dólares para a minha filha de 12 anos ler um livro. No que diz respeito às táticas usadas por uma mãe, esta foi definitivamente uma última cartada, e o valor do pagamento foi certamente exagerado. Não posso dizer que estou orgulhosa — mas estou extremamente satisfeita. Porque o plano funcionou. Funcionou tão bem que eu sugeriria que outros pais de leitores relutantes abrissem suas carteiras e subornassem seus filhos para ler também.”
Ela conta que usou todos os argumentos possíveis (a descoberta de coisas que não sabemos; narrativas emocionantes etc.), mas a filha respondia que as plataformas de streaming e a internet ofereciam algo semelhante ou melhor.
Silcoff, então, apelou.
“Decidi cortar todas as explicações com uma praticidade fria e direta: dinheiro. Disse à minha filha de 12 anos que pagaria 100 dólares para ela ler um romance. Ela disse: ‘O quê? Sério?’.Então, é claro, ela disse sim.
Conversei com amigos que têm filhos adolescentes sobre qual livro poderia despertar o desejo de leitura dela. (...) O livro mais recomendado por pessoas que conhecem minha filha foi O Verão que Mudou Minha Vida, de Jenny Han, que havia sido transformado em uma série da Amazon Prime que minha filha tinha assistido e adorado.
Negociei o acordo: 100 dólares se ela terminasse em um mês. (...) As férias duraram oito dias e, antes do sétimo dia, minha filha tinha terminado o livro. Quando voltamos para casa, ela pediu a sequência e terminou este em cerca de duas semanas — sem custo adicional.”
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Em 2020, demos aqui na MargeM, Hannah Ewens escreveu o elogiado Fangirls: Scenes from Modern Culture, livro que tenta entender como a relação entre fãs e artistas mudou desde a época dos Beatles. Agora ela escreve um artigo (em inglês) em que argumenta que as redes sociais afetaram drasticamente essa relação, com “resultados perturbadores”.
“Agora estamos em uma era completamente nova nas relações entre fãs e artistas, moldada por artistas mais jovens que estão equipados com a linguagem para falar sobre ‘limites’ e ‘relacionamentos parassociais’. Celebridades e artistas famosos não desempenham mais o papel de um deus arquetípico na cultura, e os fãs nem sempre os veneram como antes. Eles têm sentimentos intensos em relação aos artistas. Tudo e todos se tornaram conteúdo em potencial, incluindo os artistas favoritos, seus corpos e suas vidas pessoais. Ninguém está acima desse impulso coletivo de documentar, se envolver e criar discussões.”
Tudo virou conteúdo. E uma chance de ganhar poder social ou dinheiro.
Mas a “culpa” não é apenas das redes e dos fãs. Quando os artistas exploram qualquer meio de contato com os fãs (como os encontros do tipo meet and greet, entre outras coisas) apenas como mais uma forma de ganhar grana, eles estão turbinando essa engrenagem.
Melhore o seu dia, pelo menos por uma hora e meia, com esta apresentação do Air, em que a dupla toca o Moon Safari.
Eu uso Spotify, as playlists da MargeM estão no Spotify, mas parece que está rolando com essa plataforma algo que não é raro entre empresas que atingem certa excelência na entrega de produtos ou serviços: complicam o que antes ofereciam de maneira simples e, assim, pioram a experiência do usuário.
Esse é o sentimento do autor deste artigo, que explica por que decidiu deixar o Spotify. Em um trecho, ele escreve sobre uma conversa que teve com o escritor e teórico Cory Doctorow:
“Ele me disse que, uma vez que as empresas ‘prendem’ seus usuários —oferecendo um produto atraente, como o vasto catálogo musical do Spotify—, elas podem então ‘exercer controle sobre esses usuários’. Em essência, o produto pode se tornar gradualmente pior, para testar nossa tolerância ao desconforto digital. Vimos isso ocorrer com o Facebook, com as pesquisas do Google, com o Uber e até mesmo com aplicativos de namoro. Doctorow comparou o Spotify ao Walmart, um intermediário monopolista com pouca contribuição criativa própria, mas que ainda assim exerce enorme influência sobre a gama de produtos a que podemos acessar”.
Mas fugir para onde? A situação dos streamings é meio como a das telefônicas brasileiras. Eu já passei por todas. Notei alguma diferença realmente relevante entre elas? Não.
Sabia tocar quase todos os instrumentos possíveis. Criou hits que se posicionam no ponto mais alto da música. Ajudou a explorar e a ampliar as possibilidades de gêneros como funk, pop e rock. Prince fez tudo isso, já sabíamos há algum tempo, né?
Mas um documentário de nove horas de duração revela uma faceta menos elogiosa do autor de When Doves Cry: ele foi abusivo com muitas de suas colaboradoras, colaboradores, ex-mulher e ex-namoradas. Prince chegou a agredir uma amiga de uma namorada, depois de ela ter reclamado de uma investida dele; pagava muito mal os músicos de sua banda; foi homofóbico com uma integrante de sua banda, que era lésbica. São apenas alguns exemplos do comportamento do cantor.
O espólio de Prince, claro, não gostou do que viu, e o filme, que iria ser exibido pela Netflix, corre o risco de ficar engavetado para sempre.
As imagens desta newsletter são de Chess Players, livro com prefácio do Martin Amis que celebra a relação de mais de um século entre o xadrez e a cultura pop
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