Três séries, um filme e as conferências de tech e cultura
Produções legais pra ver no streaming; o momento atual das empresas digitais de mídia; a inesgotável Rita Lee. E mais, nesta MargeM 208
No oceano de oferta das plataformas de streaming, dá pra pescar coisas boas. Aqui, três séries (e nem vou entrar – ainda – na questão Succession) nem tão novas assim (desculpe! Mas a produção da MargeM vai voltar ao normal agora ), mas que valem a sua atenção, e um filme.
Daisy Jones and The Six - Anos 1970, rock clássico, atração entre músicos, contracultura, declínio depois do pico de sucesso. Está tudo aqui, nessa história sobre uma banda fictícia, contada em formato de uma história oral. Mas talvez a personagem mais interessante e complexa seja uma que não faça parte do grupo: a mulher do vocalista.
Enxame - Meio perturbadora, meio violento retrato de uma jovem que é fanática por uma cantora pop e não se conforma com quem pensa diferente. Criada por Janine Nabers e Donald Glover. Até a Billie Eilish participa de um episódio.
A Nova Vida de Toby (Fleischman Is in Trouble). Gosto de séries em que os personagens vão revelando aos poucos como realmente são. Aqui, Toby (Jesse Eisenberg) e Rachel Fleischman (Claire Danes) são um casal em crise e ela some de repente, por algum motivo. Com o apoio de uma dupla de amigos, Toby tenta levar a vida pra frente, com os dois filhos. A relação de Toby e Rachel é o ponto central da trama, que caminha fugindo da obviedade.
Rye Lane - Comédia romântica jovem e esperta que se desenrola durante um dia na vida de um casal que acaba de se conhecer em Londres. Entretenimento puro que atualiza o gênero.
Rita Lee foi fundamental para que Os Mutantes se tornassem a maior banda brasileira da história. Era ela quem conectava todos os pontos. Em carreira solo, fez várias das coisas mais legais, divertidas e sublimes do pop do país, como este disco abaixo, perfeito da capa à última música.
Essa genial, inventiva, engraçada e lírica deixou uma obra invejavelmente rica. Sobre ela:
- Um top 10 de Rita com os Mutantes.
- Análise: "Livre e criativa, Rita ensinou ao Brasil o sentido da desobediência civil".
- Obituário no Pitchfork: "Os Mutantes se tornaram um dos grupos mais queridos do Brasil, com seu impacto que se estende pelo rock americano moderno. Kurt Cobain, David Byrne, Of Montreal, Flea e tantos outros citam a banda como uma influência importante".
- Quatro entrevistas de Rita disponíveis no YouTube.
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Tem bastante livro bom sobre a Factory Records por aí, mas acaba de sair um ancorado em um ponto de vista original. É I Thought I Heard You Speak - Women at Factory Records, de Audrey Golden.
A obra é uma história oral sobre as mulheres que trabalhavam no mítico selo musical inglês, incluindo a Gillian Gilbert (New Order). Quero ler, não apenas pelo tema em si, mas também pelo incrível nome do livro, referência a uma obra-prima do New Order.
Vi vários textos e vídeos sobre o Web Summit que rolou no Rio há pouco, e a impressão é que a conferência carioca é mais um exemplo do problema que afeta praticamente todo o circuito de eventos que se propõem a discutir tecnologia/comportamento/cultura digital: muita espuma, pouca substância.
Até o concorridíssimo SXSW está nessa. Anos atrás, era realmente um local para encontrar novas e desafiadoras ideias, personagens interessantes com algo a falar e shows de bandas e artistas que traziam frescor, estavam em ascensão e que, pouco depois, estariam sendo chamados para diversos festivais pelo mundo.
Hoje, o SXSW reúne celebridades que buscam alguma "credibilidade intelectual", gente de tech sedenta por fechar algum novo negócio e palestrantes que preparam um discurso apoiado em técnicas de auto-ajuda para se autopromover e continuarem sendo chamados para outros eventos do circuito de festivais.
Sobre o Web Summit, esta análise vai na ferida: "As palestras são curtas e pouco informativas. Os palcos até abrigam figurões e executivos de grandes corporações, mas nada do que é dito por ali é inovador, disruptivo ou com força de explodir os miolos ('mindblowing') — para ficarmos aqui em algumas palavras repetidas nesse mercado."
Esses eventos são importantes não apenas porque podem, sim, funcionar como propulsores de novas ideias e ações culturais, mas também porque movimentam a economia, geram emprego. Mas não do jeito que está.
As fotos desta edição da MargeM são de Martin Parr, que foi escolhido Mestre em Fotografia na Photo London deste ano. Ele fala aqui sobre o seu trabalho.
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Não poderia concordar mais com a análise de "muita espuma e pouca substância" nos eventos de tech e também nos de marketing. Até poderia generalizar pra área de conteúdo em redes em geral. Adorei a edição e saudades Rita ♥️
apenas para declarar meu amor pela camila de daisy jones.