Um filme ótimo, um disco excelente. E quem vai parar o OnlyFans?
Quem vai parar o OnlyFans? Podcasts em vídeo. O espetacular filme O Chef. Wolfgang Tillmans. Alguns livros. E mais, nesta MargeM 192.
Quem vai parar o OnlyFans?
A plataforma que conecta criadores a fãs teve receita de US$ 932 milhões (160% maior do que a do ano anterior), enquanto os creators abocanharam US$ 3,86 bilhões. Como isso aconteceu?
O OnlyFans nasceu em 2016, no Reino Unido, como um canal em que influenciadores produzem conteúdo que é acessado apenas por quem paga por ele. Esse pagamento pode ser mensal ou por meio de gorjetas. O site fica com 20% da grana.
O dono do OnlyFans é um personagem no mínimo polêmico: Leo Radvinsky, um programador ucraniano-americano que fez dinheiro com sites de sexo e comprou a plataforma em 2018. Ele é avesso a aparições na mídia.
O OnlyFans cresceu principalmente porque recebeu ao receber muitos creators que vendiam fotos e vídeos eróticos de si mesmos. Era uma rede em que podiam se conectar diretamente com os fãs sem medo de terem seus perfis tirados do ar por causa do conteúdo.
Mas os executivos do OnlyFans não querem que a marca fique conhecida apenas pela pornografia. Por isso, recentemente passaram a atrair creators de diversos setores, como personal trainers, músicos, nutricionistas e celebridades.
Os creators foram para o OnlyFans – e os fãs foram atrás. E a plataforma está gerando dinheiro. Em 2021, a modelo Blac Chyna ganhou cerca de US$ 20 milhões por mês na plataforma. A jogadora de vôlei brasileira Key Alves fatura por volta de R$ 100 mil na rede (mais do que recebe como atleta).
“A nossa abordagem, de colocar o criador em primeiro lugar para construir a plataforma de mídia social mais segura do mundo, impulsionou o OnlyFans a um recorde em 2021. Estamos capacitando os criadores a monetizar seu conteúdo e ter controle real sobre ele”, disse o CEO, Amrapali Gan.
Gan quer ampliar ainda mais o leque de atrações que os usuários encontram dentro do OnlyFans. Uma das iniciativas para isso é a OFTV, uma espécie de streaming com vídeos de creators da plataforma. Tem conteúdo diverso, de meditação a esporte – menos pornografia.
O modelo de negócios, claro, atraiu concorrência. Criada aqui no Brasil em 2020, a Privacy inclusive ultrapassou o OnlyFans em acessos na América do Sul. Muito pelas facilidades que oferece, como saque via Pix.
(Este post saiu nesta semana numa collab entre a MargeM e o Summer Hunter.)
Como será o futuro dos podcasts? O Michael Mignano (ex-Spotify) aposta que ele virá em vídeo.
Ele lista vários fatores para sustentar o argumento, entre eles, o alcance do YouTube.
"Espera-se que as receitas de podcasts ultrapassem US$ 2 bilhões em 2022. O YouTube, por outro lado, gerou quase US$ 29 bilhões em receita de anúncios em vídeo somente em 2021. Em outras palavras, o mercado de vídeo é muito maior do que o mercado de podcast."
O pequeno grande filme O Chef está em cartaz nos cinemas daqui, mas, em São Paulo, pode ser visto em apenas duas salas (e, em uma delas, no inóspito horário das 13h40).
O plano-sequência em que em que foi filmado não está aqui apenas por capricho do diretor, mas porque ajuda a colocar o espectador dentro da tensão que vai se formando em uma noite no restaurante. Por favor, não deixe de ver.
Cheat Codes está entre os grandes discos do ano. Tem produção impecável do danger Mouse, que lembra muito do ótimo rap que se fazia nos anos 90, e Black Thought nunca pareceu tão afiado. Os convidados (como MF Doom, Run the Jewels e Asap Rocky) ajudam a dar brilho à festa.
Se você gosta de disco, de house, de disco-pop etc. dos anos 1980, vale muito ouvir este mix. É de um projeto chamado Pine Walk Collection –que tem uma história beeeeem curiosa.
As imagens desta newsletter são do grande Wolfgang Tillmans, que está com uma retrospectiva no MoMA, de Nova York. Aqui, uma entrevista com ele; aqui, uma análise sobre sua obra.
Alguns livros:
Pavões Misteriosos - A Explosão da Música Pop no Brasil 1974 -1983, do André Barcinski. Uma das grandes obras sobre a música pop brasileira. Acaba de sair nova edição, com capa dura e entrevistas com gente como Guilherme Arantes, Ritchie, Fafá de Belém, entre outros.
Em Carne Viva. Espetacular livro de Jacqueline Woodson a respeito de como uma gravidez inesperada transforma os planos de uma jovem negra que sonhava em entrar para uma universidade. Ficção muito bem escrita – mesmo com um tema tão áspero, a beleza não se esconde.
Snowcrash. Este livro do Neal Stephenson é um clássico da ficção científica distópica, e esta nova edição brasileira chega em meio a toda a discussão a respeito do metaverso. É oportuno, porque Stephenson constrói a história do livro em torno de um mundo virtual e imersivo.
Se você não aguentava mais esperar por uma playlist da MargeM, comemora à vontade. Esta aqui vai de Steve Lacy a John Tejada, passando por rap, electro rock e alguma psicodelia..
Jack Dorsey, Marc Andreessen e Larry Ellison são apenas alguns dos que foram intimados. "A elite do Vale do Silício é arrastada para o julgamento Musk-Twitter."
A compra do YouTube pelo Google foi a melhor aquisição já feita por uma das big techs. Nada chega perto da importância daquela tacada feita em 2006. Por isso, quero muito ler Like, Comment, Subscribe: Inside YouTube's Chaotic Rise to World Domination, que acaba de ser publicado. O seu autor afirma nesta entrevista que o YouTube "pavimentou o caminho para as redes sociais que temos hoje".
A Penguim Random House criou campanhas no TikTok e no Instagram para incentivar jovens a sair das redes e abrir um livro.
Streaming ultrapassa TV a cabo pela primeira vez nos EUA.
Uma lista com 15 discos recentes do jazz brasileiro.
"O dia em que meu irmão derrotou o Spotify."
Este artigo fala especificamente da Vogue britânica e de seu atual editor, mas diz muito sobre como funciona boa parte da imprensa de moda.
"Os super-ricos planejando se salvar do apocalipse." (Excelente artigo em que um professor e teórico fala sobre seu encontro com três super-ricos para discutir o que fazer quando o apocalipse chegar.)
O poder inesperado de pequenos atos de gentileza.
De onde vêm os memes? Um levantamento com as principais plataformas entre 2010 e 2022.
A Forbes soltou uma lista com os 50 principais criadores do mundo. (Spoiler: a brasileira Camila Coelho está nela.)
Recommend Me a Book. Site que mostra a primeira página de um livro (sem dizer qual é a obra).
Playlist da Margem, uhulll