Uma revolução que assusta e impressiona. E que está apenas começando
Como o ChatGPT e a inteligência artificial estão mudando tudo. A dissonância entre o que diz a obra e o que os fãs entendem. Um report sobre o design em 2023. E mais, nesta MargeM 206
Não é a minha intenção transformar a MargeM em uma newsletter sobre inteligência artificial. Mas esse assunto parece que está tomando conta de boa parte das coisas mais interessantes que tenho ouvido, lido e assistido nas últimas semanas.
Muito por culpa do ChatGPT, mas não só dele. As ferramentas de IA alcançaram um nível de sofisticação que está mexendo com áreas tão diversas como a criatividade, o mercado de trabalho e o sistema de educação.
As consequências desse desenvolvimento das IAs são tão assustadoras quanto impressionantes. Vá ao Google e digite ChatGPT. Vão aparecer mais de 450 milhões de artigos - a ferramenta foi lançada no final de novembro de 2022.
E, pensa: o negócio está apenas começando.
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A popularização do ChatGPT chegou, claro, às escolas e universidades. Algumas, em Nova York e Seattle, proibiram o seu uso. "Por todo os EUA, professores universitários e gestores estão começando a reformular as aulas em resposta ao ChatGPT, provocando uma mudança enorme no ensino e na aprendizagem. Alguns professores estão reestruturando suas disciplinas, realizando mudanças que incluem mais provas orais, trabalho em grupo e trabalhos escritos à mão no lugar dos digitados."
Proibir o CHatGPT nas escolas é "perda de tempo", afirmam especialistas. "Não vai adiantar proibir, é o cenário para o futuro. Primeiro, precisamos conhecer o ChatGPT e entender que ele não é um oráculo: tem limitações e pontos positivos. A partir disso, vamos adaptar a forma de ensinar e de avaliar [as turmas]”, opina Diogo Cortiz, professor de tecnologia da PUC-SP.
Esta lista mostra seis coisas "inusitadas" já feitas com o ChatGPT - incluindo o texto de um livro infantil (ilustrações foram feitas com outra IA, o Midjourney) e respostas a matchs em apps de relacionamento.
Sobre este último caso: um engenheiro de software conduziu um teste no Tinder em que uma IA foi responsável por se comunicar com 35 matches.
O BuzzFeed anunciou que vai começar a usar o ChatGPT para criar conteúdos - e aí as suas ações subiram 150%.
"Na memória recente, nenhuma tecnologia causou perda de empregos em massa entre trabalhadores altamente qualificados. A IA generativa será uma exceção?", pergunta a Atlantic. Esse é o tamanho da preocupação motivada pelo ChatGPT e outras ferramentas do tipo.
Um trecho:
"Embora seja difícil prever a extensão exata dessa tendência, está claro que a IA terá um impacto significativo no mercado de trabalho para profissionais com nível superior. Será importante que os indivíduos se mantenham atualizados sobre os últimos desenvolvimentos em IA e considerem como as suas habilidades e conhecimentos podem ser aproveitados em um mundo em que as máquinas são cada vez mais capazes de realizar muitas tarefas."
"O ChatGPT roubou o seu trabalho. O que você vai fazer? Criadores precisam pressionar os tribunais, o mercado e as agências reguladoras antes que seja tarde demais."
Curiosa a experiência deste cara, que compartilhou com o ChatGPT os diários que escreveu por dez anos. "O GPT-3 pode explicar o meu passado e dizer algo sobre o meu futuro?".
O líder de IA da Meta (que controla o Facebook) disse em conferência que o ChatGPT "não é nada revolucionário". (Resumo: ele reconhece que a ferramenta é "muito boa", mas que "utiliza diversas tecnologias já conhecidas e compartilhadas por laboratórios".)
Tem CEO que encara o ChatGPT como "um membro permanentemente disponível de sua equipe executiva". (Exemplo: o CEO perguntou à ferramenta: "O que devo considerar ao fazer um discurso para primeiros-ministros em Davos?".)
"A morte do plágio." Este longo e ótimo ensaio se debruça nesta questão. Algumas pessoas se importam bastante com o plágio, mas será que a maioria dá bola para isso?
CEO da OpenAI, Sam Altman foi perguntado em entrevista a respeito do melhor e do pior cenários em relação às IAs.
"Acho que o melhor caso é tão inacreditavelmente bom que é difícil de imaginar... Posso imaginar como deve ser quando tivermos abundância e sistemas inacreditáveis que podem nos ajudar a resolver impasses e melhorar todos os aspectos da realidade, nos deixando livres para vivermos nossas melhores vidas."
E:
"O cenário ruim, e acho importante dizer isso, seria o fim de todos nós". Mas, completa: "Estou mais preocupado com um caso de mau uso no curto prazo. Acho que é impossível exagerar a importância da segurança da IA e do trabalho de alinhamento. Eu gostaria de ver muito, muito mais acontecendo".
O ChatGPT está incomodando (muito) o Google. Porque pode mudar completamente o mercado de sistema de buscas, hoje dominado amplamente pelo Google. A empresa de Larry Page e Sergei Brin criou uma IA que é capaz de compor uma música a partir de uma descrição em texto.
A chinesa Baidu vai lançar uma IA semelhante ao ChatGPT em março. E planeja alimentar seu sistema de buscas com a ferramenta.
O New York Times pergunta, em título de artigo: "Quão inteligentes os robôs estão ficando?". ("Certamente, esses bots vão mudar o mundo. Mas cabe a você ser cauteloso com o que esses sistemas dizem e fazem, editar o que eles oferecem, abordar tudo o que vê online com ceticismo.")
Por enquanto. A OpenAI já está em desenvolvimento avançado com a próxima geração de IA: o GPT-4.
NOTA PATROCINADA
Para onde vai o design neste 2023? É para responder a esta pergunta que a agência CBA B+G produziu o Useful Design Trends 2023.
O report apresenta 15 tendências que deverão impactar a vida de pessoas e guiar ações de marcas neste ano.
Para melhor compreensão da análise, o estudo foi dividido em cinco pilares: Meio-ambiente, Empoderamento, Bem-Estar, Sociedade e Acesso. Cada um deles traz três tendências.
Algumas dessas tendências: Embalagens inteligentes; Shoppers sociais; Beleza comestível; e Futuros desejáveis.
“Para o report deste ano, reunimos um time global de designers, estrategistas e especialistas em conteúdo da CBA que analisou e selecionou o que considerou de ponta, no Brasil e no mundo – em design e branding -, para inspirar você, profissional de marketing, tecnologia e publicidade a evoluir seus produtos e serviços. Neste momento em que o mercado se apresenta ainda mais volátil, nós acreditamos que agir de maneira propositiva, antecipatória e com foco em impacto positivo pode ser a chave para acompanhar o espírito do tempo”, explica Luis Bartolomei, CEO & Head of Design da CBA B+G.
O report pode ser baixado gratuitamente por aqui.
Em um belo vídeo, Thiago Guimarães discute, a partir de obras como Tropas Estelares e Sandman, como filmes e séries são interpretados por fãs (e mídia). "A dissonância entre o que uma obra tentou dizer e como ela foi interpretada pela audiência."
"Tudo o que eu faço é comer, beber, dormir e ser negligente." Quem disse isso foi um monge no século 8, lamentando a falta de concentração. Como afirma este artigo: "Muito antes da televisão, do TikTok, dos smartphones e do streaming, prestar atenção era algo diabolicamente difícil - literalmente no caso desses monges, já que a distração, para eles, estava associada ao diabo."
As cenas de Nápoles, a relação da adolescente com pais e tia, o cinismo em quase todos os personagens. Gostei bem da minissérie A Vida Mentirosa dos Adultos, baseada no livro da Elena Ferrante. Não li ainda o livro, e esta crítica crava que nenhuma adaptação consegue capturar “a experiência de ler Ferrante”.
A imagem acima e a que abre esta newsletter são de Horacio Coppola, em série que retrata Buenos Aires nos anos 1930. As imagens estão na expo Nocturnos, na capital argentina.
Nos EUA, o TikTok ameaça funcionários que não querem trabalhar presencialmente.
A pirâmide financeira da carreira acadêmica.
Marcelo D2: “A cannabis é uma planta tão forte, mas tão forte, que vai criar uma revolução gigantesca, capaz de acabar com o plástico e mudar a indústria farmacêutica.”
Nem a Marie Kondo consegue ser tão metódica e disciplinada tendo que encarar a maternidade.
"Os países e cidades mais amorosos do mundo, a partir de 15 milhões de tweets." (Spoiler: o país que lidera a lista é a Guatemala.)
Como a saliva muda os sabores das comidas.
“Os diálogos nas séries e filmes estão ficando cada vez mais difíceis de entender. Por isso, agora todos nós precisamos de legendas”.
Quer entender os filmes do Tarkovsky? Este vídeo no TikTok tenta explicar.
A sua vida tá dura? E a desses pinguins, que têm de andar por cima de leões marinhos pra chegar ao mar?
"Achávamos que a nossa cachorra estava tendo um AVC. Ela estava chapada."
O Cuenca tá fazendo uma experiência interessante com o chat na newsletter dele https://jpcuenca.substack.com/p/quarta-iteracao