Vamos nos stalkear?
Os apps de compartilhamento de localização. Barbie e Oppenheimer. O filme Mixed by Erry. As redes sociais e os livros. Tudo isso e mais aqui na MargeM 218
Você stalkeia seus amigos? Stalkear, digo, no bom sentido. Como diz o título desta excelente reportagem: I Love You, Let’s Stalk Each Other (“Eu te amo. Vamos nos stalkear”).
O texto escarafuncha uma tendência alimentada por diversos apps de localização. À primeira vista, é algo que parece coisa de pais que querem vigiar os filhos, mas ficar sempre de olho na localização de pessoas conhecidas por meio do celular está virando hábito entre jovens.
Não para vigiar, mas, por exemplo, para saber o momento exato de iniciar uma conversa; ou o que estão fazendo e se dá para rolar algum encontro; ou se a amiga ou amigo foram fazer compras e não chamaram; ou para checar se a pessoa chegou bem em casa depois da festa.
“Para uma geração que cresceu com a internet, o compartilhamento de localização pode parecer menos uma ameaça à privacidade e mais uma expressão de afeto e confiança.”
Já este post tenta entender por que muita gente adora compartilhar a localização, apesar de alguns riscos:
“O compartilhamento de localização pode servir a diferentes propósitos para diferentes grupos. Entre amigos, pode fortalecer os laços e criar um senso de responsabilidade mútua, especialmente para a Geração Z. Para pais e filhos, pode proporcionar uma sensação vital de segurança.”
E, se é uma tendência, claro que chegou ao TikTok.
Várias redes sociais pagam criadores pelo conteúdo que produzem. Recentemente, TikTok e Twitter lançaram ferramentas nessa linha.
O TikTok lançou em fevereiro nos EUA o Creativity Program Beta, pelo qual remunera criadores com mais de 10 mil seguidores e mais de 100 mil visualizações, que produzem vídeos com duração de 60 segundos ou mais.
Alguns criadores afirmam que, com o programa, passaram a ganhar “dezenas de milhares de dólares por mês”.
Há algumas semanas, o Twitter também começou a pagar alguns criadores. A monetização é exclusiva para quem tem mais de 5 milhões de impressões/mês. Mas há indícios de que muitos dos perfis que estão ganhando grana são de extrema-direita.
O TikTok e o Instagram criaram nichos para influenciadores e criadores que divulgam livros. Virou coisa grande e rentável. Por consequência, as redes chacoalharam a estratégia de marketing das editoras.
Um dos pivôs dessa tendência foi Belo Mundo, Onde Você Está, da Sally Rooney. Personalidades receberam da editora norte-americana guarda-chuva, velas perfumadas, sacola estilizada, produtos de beleza e saquinhos de chá.
“No último um ano e meio, desde o lançamento de Belo Mundo, Onde Você Está e a loucura gerada pelos seus produtos relacionados, a promoção de livros por meio do marketing em redes sociais e parcerias com influenciadores tornou-se ainda mais sofisticada”, explica esta matéria, que afirma: “#BookTok e #Bookstagram deram origem a uma nova forma de divulgação de livros. Será que isso está dividindo a comunidade literária?”.
“Atualmente, muitas campanhas de PR e publicidade são criadas com influenciadores em mente, que recebem brindes personalizados e caixas de divulgação montadas especialmente para vídeos do TikTok, tudo projetado para gerar um momento nas redes sociais durante o lançamento de um livro. A pergunta, então, não é se a cultura dos influenciadores está mudando o marketing e a publicidade de livros, mas sim como isso está acontecendo.”
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Está difícil não ser bombardeado por análises de Barbie e Oppenheimer, dois dos principais lançamentos do cinema no ano, que estreiam nesta semana. Separei aqui alguns textos que ajudam a contextualizar os dois filmes.
Barbie:
Estadão: “Por que odiei o roteiro de ‘Barbie’, filme que parece não saber seu caminho”.
UOL: “Colorido e com grandes ideias, Barbie só derrapa na própria ambição”.
Telegraph: “Barbie é profundamente bizarro, conceitualmente escorregadio e muitas vezes hilário”.
CNN: “Barbie entrega uma mensagem feminista vestida com todos os acessórios certos”.
BBC: “Barbie: a campanha de marketing por trás do hype”.
Oppenheimer:
Folha: “Oppenheimer é um dos poucos exemplos em Hollywood de cinema feito para adultos, mas se perde em seu enredo fragmentado”.
The A.V. Club: “Christopher Nolan entrega sua obra-prima; Cillian Murphy está notável nesta poderosa e deslumbrante tragédia americana”.
Hollywood Reporter: “Oppenheimer abraça completamente as contradições de um gigante intelectual que também era um homem profundamente falho”.
Cinepop: “Nolan cria filme cansativo e arrogante que tenta glorificar criador da bomba atômica”.
Empire: “Oppenheimer é uma obra de estudo de personagem magistralmente construída por um grande diretor operando em um nível totalmente novo”.
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E um ranking com todos os 12 filmes de Christopher Nolan. (Spoiler: Oppenheimer aparece entre os três primeiros.)
Sobre a interminável discussão a respeito do preço de ingressos de shows, um ponto:
“Na última tour pela América do Norte, o Cure manteve os preços dos ingressos intencionalmente baixos. Ainda assim, a banda conseguiu realizar a turnê com a maior bilheteria de sua carreira”.
E para entender muito da música jovem feita hoje no país:
“Jungle, Garage, Grime - o jeito brasileiro de fazer música britânica”.
Um bom e divertido filme no streaming: Mixed by Erry. Baseado em uma história real ocorrida na Itália nos anos 80, em que o napolitano Enrico Frattasio, o Erry, começa a fazer e vender mixtapes em cassete. O negócio prospera até um ponto em que a “gravadora” de Erry toma conta do mercado fonográfico italiano.
"Uma exposição coletiva concebida como uma mixtape de músicas
para um amante, Love Songs apresenta projetos fotográficos sobre amor e intimidade de 16 artistas contemporâneos." Este é um trecho do texto que descreve Love Songs: Photography and Intimacy, em cartaz no ICP. As imagens desta newsletter estão nessa expo, que tem a curadoria de Sara Raza.
→ Tomás Rebord é o youtuber que "enfurece o jornalismo argentino". Aos 30 anos, Rebord meio que copia o Joe Rogan e já entrevistou Beatriz Sarlo, Mariana Enríquez e até o presidente do país.
→ Espaço dos mais disputados (e polêmicos) da imprensa norte-americana, a editoria de Opinião do NYT abriu um perfil no TikTok. (E, com vídeos e linguagem visualmente simples, é um exemplo de como alguém ou uma empresa nada jovem pode navegar com tranquilidade pelo TikTok.)
→ "Threads tem uma grande vantagem sobre o Twitter: Zuckerberg entende de publicidade."
→ "A indústria da publicidade está em uma relação de amor e ódio com a inteligência artificial."
→ Relógio "indestrutível" dos anos 1980, G-Shock volta à moda entre skatistas e rappers, com a ajuda do TikTok.
→ Apple testa "Apple GPT" e trabalha em ferramentas para alcançar a OpenAI.
→ Como Yayoi Kusama foi de ato contra Guerra do Vietnã a criar bolsas Louis Vuitton. (Artista ganha pavilhão em Inhotim, com "instalações imersivas de forte apelo para o Instagram".)
→ Um teste com os melhores fones para ouvir música.
→ WormGPT: o "ChatGPT para hackers".
O design desta edição é da Mariana Simonetti
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A conversa de localização me lembrou de como eu gostava do Foursquare.