A boa série Hijack. Para que serve o Threads, afinal?
Você está com tempo? Pergunto porque esta edição veio meio longa. Temos assuntos bons, tipo 1) o Threads; 2) a morte da internet como a conhecemos; 3) a série Hijack. Esta é a MargeM 217
Você está no Threads, a nova rede social criada pela Meta especialmente para competir com o Twitter?
A Meta liberou o Threads no dia 5 de julho. Cinco dias depois, já contava com 100 milhões de inscritos. Com esse número absurdo, tornou-se a plataforma online que teve o crescimento mais rápido já visto.
→ Mas você realmente está no Threads? Digo, está postando com regularidade? Gostando do formato da rede?
Alguns pontos:
A principal dificuldade de qualquer rede social nova é atrair usuários para ela e criar um ambiente, durante esse início da rede, em que os usuários se sintam incentivados a postar, mesmo tendo poucos seguidores. A Meta driblou essa questão ao oferecer aos usuários do Threads a possibilidade de conectar seus seguidores do Instagram. E parece que todo mundo fez isso, né? (Eu fiz.)
Mas isso causa um efeito colateral: o Twitter não é o Instagram. A primeira rede é ótima para: escrever mensagens (curtas ou não), estar por dentro do noticiário, gerar discussões sobre algum tema (pandemia, saúde mental, política, futebol etc.). E, ainda, se encaixa perfeitamente como segunda tela para acompanharmos eventos ao vivo (o Oscar, a Taça Liberadores, o Lollapalooza etc.). O Instagram tem uma dinâmica totalmente diferente: textos curtos que só funcionam dentro das imagens; dois canais de distribuição (o Feed para conteúdos mais bem acabados, contemplativos, “sérios”; o Stories para coisas mais rápidas, divertidas).
No Twitter, dá para escolher uma timeline gerada por meio de algoritmo ou pelas pessoas que você segue. No Threads, é o algoritmo quem decide o que você vai ver (executivos da Meta afirmaram que isso deve mudar.)
Portanto, é uma lógica tipo TikTok/Instagram, e não Twitter.
Então há (pelo menos até agora) uma dissonância entre a estrutura da rede e o conteúdo que esperamos encontrar ali. Um não bate com o outro – de novo, pelo menos até agora.
Sobre tudo isso, vale a pena dar uma olhada no seguinte:
Inc.: “A estratégia genial por trás do sucesso meteórico do Threads é exatamente a única coisa que todos odeiam.”
Slate: “O clone do Twitter traz uma grande oportunidade para a empresa de Mark Zuckerberg, assim como dois grandes riscos.”
Vice: “A nova plataforma social do Facebook é como o Twitter, mas para celebridades, marcas e pessoas irritantes.”
Anne Helen Petersen: “O Twitter tem a ver com pensamentos, e o Instagram, com vibes - e o Threads está tentando colocar seu feed do Instagram em um formato do Twitter.”
Daily Beast: “Simplesmente melhor” - Até mesmo funcionários do Twitter estão usando o Threads.
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Sinônimo de buscas online, o Google está investindo pesado para incluir inteligência artificial generativa em seu buscador (a ferramenta chama Search Generative Experience). O resultado?
“Em vez de enviar você para outros cantos da web, mais resultados de pesquisa aparecem dentro do Google. É como o ChatGPT, ele extrai informações de vários sites, reescreve o texto e o coloca no topo dos resultados de pesquisa, empurrando para baixo os links que você vê. Nesse processo, ele limita o tráfego para o restante da internet, reduzindo o incentivo para postar online. Com a inteligência artificial, a pesquisa do Google pode eventualmente desencadear um ciclo de destruição para a web como a conhecemos.”
O artigo em que está o trecho acima contextualiza a coisa toda: seguir por esse caminho é quase uma questão de sobrevivência para o Google, depois da chegada do ChatGPT. Por que ir até o Google para procurar um tutorial sobre como limpar um tênis e, então, dar de cara com milhares de links, se você pode ir até o ChatGPT e pegar uma resposta objetiva no mesmo instante?
A internet como a conhecemos mudará completamente com esse novo cenário, como aponta este artigo:
“A inteligência artificial está pronta para desferir mais um golpe na web aberta, à medida que ela inunda a internet com conteúdo infinito, grande parte dele de qualidade duvidosa, e o Google é obrigado a adaptar sua abordagem de busca de maneiras que são difíceis de ver como beneficiarão a web aberta. (…) Mais editores buscarão ‘proteger’ seu conteúdo de bots e scraping, dependendo cada vez mais de paywalls e criando um ciclo vicioso no qual a web aberta se torna uma experiência ainda mais frustrante.”
E outro:
“O mundo da tecnologia construiu 30 anos de crescimento com base nos ideais da web aberta - mas o surgimento do ChatGPT e outras ferramentas de IA treinadas nesse acervo de expressão humana (…)colocou em perigo o antigo ideal da web como um recurso público.”
⤵
Ainda no tema: o Bard, a inteligência artificial generativa do Google, agora está disponível também no Brasil.
Já escrevemos aqui na MargeM que “o streaming é a crypto do entretenimento”. A frase é do Steven Soderbergh.
Pois o cineasta foi entrevistado pela Folha e voltou a falar sobre o assunto.
Trechos da matéria:
“‘Eu tenho questões sérias sobre este modelo econômico, e muitas delas só podem ser respondidas se eles [os serviços de streaming] mostrarem os dados, o que não vão fazer’, diz Soderbergh à Folha. ‘Eu não acho que o atual modelo seja sustentável’.”
“Ele ainda elogia a Sony Pictures por não investir na criação de uma plataforma própria. ‘Eles fizeram uma escolha clara de não entrar no mercado de streaming e tem feito bons negócios ao só produzir filmes e séries, vendendo a terceiros’.”
E, sobre o atual cenário do cinema norte-americano, Soderbergh crava: “Os filmes feitos para adultos não existem mais nos cinemas.”
Hijack é a série certa se você gosta de suspense, ação e Idris Elba.
Um avião com 216 passageiros que sai de Dubai em direção a Londres é sequestrado. Um dos passageiros é Idris Elba, um negociador que trabalha para grandes empresas. Com a lábia, ele tenta evitar que a situação se transforme num desastre.
A minissérie foi dividida em sete episódios. O últimos exibido foi o quarto. Os próximos entrarão às quartas-feiras.
♫ Oito músicas:
⤵ Tutto Bene – Niv Asti & Ruty Klein
⤵ Lucro – Sain (se não conhece, ele é filho do Marcelo D2)
⤵ Today Without You – Samantha Jones
⤵ Dance Now – Girl and Girl
⤵ Nós – Kamau
⤵ Orgulho – Lourandes
⤵ Troubled Waters – The Streets
⤵ Affirmations – Hannah Diamond
Acaba de sair lá fora o livro Parachute Women: Marianne Faithfull, Marsha Hunt, Bianca Jagger, Anita Pallenberg, and the Women Behind The Rolling Stones, de Elizabeth Winder.
“Winder destaca como a grande influência dessas mulheres nos Stones tem sido amplamente ocultada na sombra do mito monolítico da banda. Parachute Women é um passo em direção a conceder a essas mulheres seu lugar legítimo na cultura musical, especialmente Anita Pallenberg, que até agora tem sido frequentemente relegada ao status de ícone groupie.”
As imagens desta newsletter são da expo To Know About Women: The Photography of Eve Arnold.
→ O “problema com os podcasts”.
→ De Bruce Springsteen a Paul McCartney, roqueiros já envelhecidos “estão nos ensinando sobre algo maior que a música”.
→ No programa em vídeo “Meu Hit”, Dinho Ouro Preto fala sobre a música Natasha.
→ Com obras voltadas para a literatura feita por e para a comunidade imigrante, a livraria Aigo vai ser inaugurada no final do mês em São Paulo.
→ Cirurgião plástico perde licença médica após fazer transmissões ao vivo no TikTok.
→ Análise: “A inteligência artificial só vai amplificar os problemas do mundo.”
→ “Looksmaxing": termo incel sobre beleza masculina se populariza nas redes
→ Como a Europa convenceu o mundo que era superior com produtos de luxo.
→ A Body Shop pediu a um grupo de Gen Z para criticar a empresa. Foi um desastre.
→ “Como, finalmente, superei meu perfeccionismo.”
O design desta newsletter é da Mariana Simonetti.
Você pode encontrar a MargeM também no Instagram.