As IAs estão matando os sites?
O final de White Lotus foi, digamos, polêmico. Temos entrevista em vídeo com os Hives e, claro, não deixamos passar a nova música do Pulp
Esta é a MargeM #257.
Uma newsletter que nasceu em 2019 e que virou uma plataforma de conteúdo. Será um prazer te receber no nosso Instagram, com posts quentinhos, e no Spotify, em que montamos playlists com músicas que estão fazendo a nossa cabeça (e o coração).
Daqui a pouco vem mais coisa por aí!

Desde sempre, quando queremos encontrar algo, qualquer coisa, a gente vai a um buscador (Google, Bing, Duckduckgo) e digitamos aquilo que queremos.
O buscador, então, apresenta uma lista de sites que podem nos trazer aquilo que estamos procurando.
Isso foi até ontem.
Hoje, quando digitamos o que queremos no Google, o buscador nos mostra lá em cima, antes da lista de sites, uma resposta feita por sua AI Overview.
Se você for ao Google e digitar “o que é pop art”, a AI Overview vai responder com uma definição mínima, elencar as principais características estéticas e os principais artistas.
A resposta é genérica e superficial, mas para alguém que esteja procurando apenas uma definição genérica e superficial, será o suficiente; essa pessoa não precisará clicar em um link para visitar um site.
A AI Overview não é nova (está sendo desenvolvida há mais de um ano), mas agora os sites estão REALMENTE sentindo os efeitos da ferramenta do Google.
A Bloomberg soltou uma boa reportagem sobre os estragos que as IAs estão causando nos números de audiência dos sites.
Como o paywall da Bloomberg é bem pesado, coloco abaixo a repercussão da matéria em alguns veículos.
“As respostas geradas por IA nas buscas do Google aparentemente não têm sido boas para sites independentes. Essas respostas, junto com as alterações feitas pelo Google em seu algoritmo de busca para apoiá-las, fizeram o tráfego desses sites despencar, informou a Bloomberg News, citando entrevistas com 25 publicadores e pessoas que trabalham com eles.
As mudanças, segundo a Bloomberg, ameaçam uma ‘delicada relação simbiótica’ entre as empresas e o Google: elas produzem conteúdo de qualidade, e o gigante da tecnologia envia tráfego para elas.”
“(Em off) representantes do Google pediram desculpas aos criadores de sites e disseram que os sites deles representavam exatamente o tipo de conteúdo útil que a empresa queria destacar nos resultados de busca, segundo os criadores presentes. No entanto, os funcionários do Google também afirmaram que não poderiam garantir que os sites se recuperariam, pois o serviço de busca havia mudado fundamentalmente nesta era da IA.”
“Donos de 25 pequenos sites entrevistados pela Bloomberg relataram que tiveram uma queda de mais de 70% no tráfego de seus sites, o que levou a perda de receitas devido ao impacto causado pelo uso de IA pelo Google.
Um casal que administra um blog de viagens disse que se sentiu ‘traído’, alegando que os textos gerados pela IA do Google resumiam diretamente o conteúdo deles nos resultados de busca, fazendo com que as visitas ao site – e a receita – caíssem 90%. Muitas dessas pequenas empresas e criadores de conteúdo dependem fortemente da busca do Google para direcionar tráfego a seus sites.”
“De acordo com o Google, ajustes como os resumos gerados por IA levam mais tráfego para uma variedade de sites, mas os dados mostram que apenas os grandes players, incluindo o YouTube, que pertence ao Google, estão se beneficiando.”
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O CEO da Shopify disse que pretende “utilizar mais inteligência artificial em vez de contratar novos funcionários”.
Muita gente já sabe, mas é algo que ainda é dita o que (ou quem) está fazendo sucesso ou não.
No YouTube, na Netflix, no Instagram, no TikTok e na maioria das plataformas de vídeo: a contagem de visualizações é uma mentira. Trechos do artigo:
“Uma visualização não é uma métrica universal. Na verdade, é algo que não é nada concreto. É apenas o que uma plataforma quiser que seja, o que geralmente não tem qualquer relação real com o fato de alguém realmente ter visto e experienciado um conteúdo.”
“Instagram, TikTok e (desde a semana passada) YouTube Shorts contam uma visualização no momento em que o vídeo começa a ser reproduzido. Isso é objetivamente absurdo. Toda vez que você desliza, mesmo que pule imediatamente para o próximo vídeo, a plataforma registra que você assistiu ao vídeo como se tivesse visto ele inteiro.”
Foi BEM LEGAL a conversa que a gente teve com o Pelle Almqvist (vocalista) e com o Christian Grahn (baterista), dois dos caras da banda The Hives.
Eles vieram ao Brasil para promover o disco The Hives Forever Forever the Hives, que sairá em agosto.
Alguns assuntos que entraram:
- Se fossem organizar um festival, quais bandas escalariam?
- O que acham das redes sociais?
- Pq a nova música Enough Is Enough tem tanto a ver com este 2025?
Tá tudo aqui:
Já ouviu a nova música do Pulp?
Spike Island é o primeiro single de More, disco que sairá em junho e será o primeiro da banda de Jarvis Cocker desde 2001.
A faixa é tão lindamente britpop que nos transporta para 1995. E com uma letra que diz coisas como:
“Eu nasci/ Para me apresentar/ É uma vocação/ Eu existo/ Para fazer isso.”
A gente sabe, Jarvis.
Prestes a lançar o segundo disco (Big Buraco, que sai em maio pelo selo Risco), a baiana Jadsa é uma das três atrações principais do Circuito - Nova Música, Novos Caminhos.
O projeto nasceu para fazer com que bandas e artistas circulem em diversas cidades de São Paulo, com shows que chamam o público e movimentam as casas noturnas.
Nesta edição, além de Jadsa participarão o cultuado Fausto Fawcett e a banda Maré Tardia (além de uma banda local em cada data).
O Circuito vai passar por Sorocaba, Campinas, Americana, Piracicaba e São Paulo, entre 17 e 21 deste mês.
Escrevi aqui na MargeM que eu estava curtindo a nova temporada de White Lotus. Gostei dos diversos núcleos de personagens (as três amigas que fazem intrigas umas com as outras; a família em que o pai está à beira de um ataque de nervos e os dois filhos têm uma relação incestuosa; o cara que quer vingar a morte do pai).
Mas o último episódio não foi o encerramento que esperava. Várias pontas ficaram meio frouxas (a relação entre Belinda e Greg; a competição entre as três amigas; o desfecho da vingança do cara que teve o pai morto).
Esta terceira temporada de White Lotus teve ótimos personagens. Talvez a trama precisasse ser melhor amarrada.
Vi gente falando bem e gente falando mal da série. Tipo:
Washington Post: “As férias acabaram, os hóspedes do White Lotus foram enviados para casa em sacos para cadáveres e o Lorazepam acabou”.
Guardian: “O final menos satisfatório da história da série”;
Roger Ebert: “White Lotus continua valendo a viagem em uma brilhante terceira temporada”;
Independent: “Um fim violento para uma temporada ruim”;
Variety: “A terceira temporada seguiu um caminho sinuoso até um desfecho satisfatório”;
Rolling Stone: “O final de White Lotus trouxe uma revelação inevitável e escolhas inexplicáveis”;
Tangerina/UOL: “Episódios entregaram uma trama intrigante com atuações fenomenais”;
Cine Set: “(A série) sabe como construir tensão com beleza e transforma paisagens em narrativa”.
As imagens desta MargeM são da fotógrafa e artista multimídia Rose Finn-Kelcey, que está com expo em uma galeria em Londres.
→ E a sétima temporada de Black Mirror já está entre nós. Paul Giamatti e Rashid Jones estão no elenco. A Time fez um ranking dos seis episódios.
→ Falando em séries: a quarta temporada da deliciosa Hacks chegou ao Max.
→ 8 álbuns e EPs brasileiros de grime.
→ O David Hockney acaba de abrir uma expo enorme em Paris. Vai até agosto. Um crítico escreveu: “É tão comovente que fiquei com lágrimas nos olhos. Hockney nos lembra de como o mundo é belo”.
→ Restaurantes na era-Instagram: “Há uma década, os restaurantes mais comentados eram, em grande parte, definidos pela ambição da comida e pelas credenciais do chef. Agora, tudo gira em torno da atmosfera e da aparência”.
→ Se você gosta de banheiros e design, dê uma olhada nestes daqui.
→ “Como a arquitetura e o design de ‘Ruptura’ dão forma à vida opressiva.”
→ Por que você simplesmente não consegue lidar com isso? (“Frequentemente, são as tarefas mais obviamente necessárias que parecem as mais impossíveis de realizar.”)
A gente fica se apegando nessas métricas e na verdade estamos sendo manipulados e enganados por elas. 😭