É namoro ou amizade? Para a Gen Z, pouco importa
Jovens que preferem ficar com amigos e amigas; a "situationship". A infância como conteúdo. Crítica cultural e fandoms. Hip hop, 50. E mais, nesta MargeM 207
"A revolução do namoro da Geração Z", diz o hiperbólico título da reportagem. "Os jovens estão adotando uma solução antiquada para a humilhação e o incômodo de aplicativos de namoro."
Qual é a solução antiquada? Ficar com gente que está dentro do círculo de amizades.
"Os jovens adultos de hoje, especialmente as mulheres, estão cada vez mais encontrando romance em seus grupos de amigos. Em nossa pesquisa, 43% das pessoas entre 18 e 29 anos disseram que estavam em um relacionamento com alguém que era primeiro amigo, incluindo surpreendentes 50% das mulheres nesse recorte. Isso é o dobro dos 21% das pessoas com mais de 65 anos que relataram ter sido amigos de seus parceiros ou cônjuges antes de começarem a namorar."
Bem, além de ficar com amigos e amigas, a Gen Z também "evita rotular relações amorosas". E, claro, apareceu um neologismo para descrever a onda: "situationship", ou "estar em uma situação" entre a amizade e o namoro.
Uma pesquisadora argumenta: "Esses acordos resolvem algum tipo de necessidade de sexo, intimidade, companheirismo - o que seja - mas não têm necessariamente um horizonte de longo prazo."
Todo mundo quer ser influencer. Muitos pais querem que os seus filhos sejam influencers. E que sua rotina seja transformada em "conteúdo". Este artigo relata algumas consequências.
"Quando Claire fizer 18 anos e puder morar sozinha, ela pensa em não ter mais contato com os pais. Assim que ela não morar mais com eles, planeja falar publicamente sobre como é ser a estrela de um canal no YouTube. Ela até usará seu nome verdadeiro. Claire quer que as pessoas saibam como sua infância foi ofuscada pelo estrelato nas redes sociais - que ela não escolheu. E ela quer que seus pais saibam: 'nada do que eles fizerem agora vai me dar de volta os anos de trabalho que tive de fazer'."
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A.O. Scott é crítico de cinema do New York Times desde 2000. Depois de 2.293 textos no jornal, ele vai trocar as análises de filmes pelas de livros – também no NYT.
Não é pouca coisa. Scott é daqueles críticos em que vale a pena ler mesmo que você não concorde com a opinião dele a respeito de um filme. Porque ele esbanja conhecimento, já viu quase tudo o que tem pra ver, escreve com uma clareza invejável e trata o seu leitor como alguém que tem mais do que meia dúzia de neurônios. E é o autor de um livro essencial para entender por que a crítica cultural importa: Better Living Through Criticism: How to Think About Art, Pleasure, Beauty, and Truth.
Scott conta aqui, numa auto-entrevista, os motivos que o levaram a trocar a crítica de cinema pela de literatura. O texto é divertido e informativo, e um trecho especificamente diz muito não apenas sobre crítica cultural, mas sobre a beligerante atuação online de fandoms (de qualquer coisa, de um filme, marca, banda, banco etc.):
"Não sou fã do fandom moderno. Isso não é apenas porque fui atacado no Twitter por devotos furiosos da Marvel e da DC e (mais recentemente) Top Gun: Maverick e Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. Tem a ver com o comportamento dessas hordas de mídia social, que representam uma mentalidade antidemocrática e anti-intelectual que é prejudicial à causa da arte e anti-ética ao espírito do cinema. A cultura dos fãs está enraizada na conformidade, obediência, identidade de grupo e comportamento da multidão, e sua ascensão reflete e modela a disseminação de tendências intolerantes, autoritárias e agressivas em nossa política e nossa vida comunitária."
O hip hop completa 50 anos. É uma efeméride que poderia motivar um texto sobre a revolução musical, lírica e estética parida pelo gênero, ou sobre como artistas tipo Jay-Z, Outkast e J Dilla criaram músicas que ampliaram as fronteiras do pop.
O professor e ensaísta Jelani Cobb decidiu analisar por que o hip hop é marcado por tantas e prematuras mortes de gente talentosa. Vale muito.
Feito em 1993, Straight to You documenta, em 55 minutos, a vida de Nick Cave desde a banda Birthday Party, no final dos anos 70, até a primeira metade dos 90. Estão ali muitas cenas do cantor em São Paulo, quando vivia na capital paulista. O bar Mercearia São Pedro e o bairro Liberdade aparecem como cenário para as histórias e ideias de Nick Cave. Está no YouTube.
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As imagens desta newsletter são algumas das premiadas no Mobile Photography Awards 2023.
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