O filme Mickey 17, a Doechii como 'mulher do ano' e o livro sobre o Facebook
O novo longa do Bong Joon-Ho não é nenhuma unanimidade. Entrevistas com Cate Blanchett e Scarlett Johansson. A Doechii não para. E mais, nesta MargeM 254
O Bong Joon-Ho acaba de lançar Mickey 17, primeiro filme que ele dirige depois do impressionante Parasita.
“Ironia e paradoxo são a força motriz para mim quando faço filmes. Qualquer que seja o gênero que eu escolha (quando faz um filme), pretendo destruí-lo”.
Mickey 17 não é nenhuma unanimidade (que bom, né?). Li muitas opiniões bem distintas umas das outras, tipo:
Rolling Stone Brasil: “Mickey 17 é grandioso, mas frustrante”;
UOL: “Riquíssimo em ideias, Mickey 17 concentra sua jornada nas consequências da ‘coisificação’ de um ser humano, mas abre espaço para versar sobre política e religião, progresso e fanatismo”;
G1: “Mickey 17 mistura ficção científica com sátira política de maneira incomum”;
Vanity Fair: “Mickey 17 testa a nossa paciência”;
Observer: “Mickey 17 é um filme de ficção científica notavelmente sólido e envolvente, com um toque de absurdismo que só poderia vir de um cineasta como Joon Ho”;
La Nacion: “O diretor de Parasita retorna com uma sátira bastante simples, elaborada com grande imaginação visual”.
→ E, se você quer mergulhar ainda mais no sci-fi feito na Coreia do Sul:
“O espetáculo socialmente consciente da ficção científica coreana”.
Não é qualquer mortal que pode ser Scarlett Johansson:
“Recebi um e-mail da Universal [Pictures], e eles disseram: ‘Ei, você consideraria entrar no Instagram junto com o lançamento de Jurassic World: Recomeço?’. Recebo muita pressão para entrar nas redes sociais. [Isso me faz pensar]... há uma maneira de eu fazer isso e continuar fiel a quem eu sou? Não parecia que eu conseguiria. O trabalho que coloco no mundo é todo baseado na verdade. Esse é o ingrediente-chave. Então, se eu fosse uma pessoa que realmente gostasse de redes sociais, eu poderia totalmente embarcar nessa. Mas não sou. E acho que o filme vai se sair bem”.
Ao lado de Michael Fassbender, Cate Blanchett é uma das estrelas de Código Preto, filme de espionagem dirigido pelo Steven Soderbergh que estreia nesta quinta nos cinemas.
Blanchett deu uma longa entrevista ao Guardian em que falou, entre tantas coisas, sobre a conexão das relações:
“Acho que as pessoas têm um desejo de se reunir. Isso pode acontecer em torno de uma tela assistindo a um filme ou em um protesto, mas as pessoas querem estar em grupos, e você espera que esses grupos sejam comunidades e não tribos. O tribalismo tem uma agressividade que é extremamente destrutiva, enquanto comunidades têm a ver com encontrar pontos de conexão com as pessoas”.
A nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie acaba de publicar A Contagem dos Sonhos, primeiro romance dela desde o elogiadíssimo Americanah (2013). Ela deu uma boa entrevista ao Globo, em que disse:
“Espera-se que um ‘africano autêntico’ seja objeto da piedade alheia, senão as pessoas se ressentem. É como se a riqueza nos fizesse inautênticos e o nosso lugar fosse necessariamente na base da pirâmide. A Nigéria é um país profundamente materialista, onde há muita pobreza e um pequeno número de pessoas incrivelmente ricas. Os mais pobres desejam coisas caras porque a riqueza está muito perto deles. Não dá para entender a psicologia do nigeriano médio sem reconhecer isso”.
“Como vai a sua vida amorosa?”, é o assunto desta semana da Gama. Para discutir o tema, o site conversou com o ótimo Pedro Mairal, argentino que escreveu A Uruguaia, livro divertido e emocionante que te pega e não te solta até a última página.
Mairal escreve muito bem sobre relacionamentos e, na entrevista, afirma:
“Viver muito tempo sob o mesmo teto com alguém provoca um desencontro, como se o outro ficasse invisível”.
Está para sair lá fora Careless People: A Cautionary Tale of Power, Greed, and Lost Idealism (em tradução livre, Pessoas Descuidadas: Um Sinal de Alerta sobre Poder, Ganância e Idealismo Perdido), de Sarah Wynn-Williams. Ela trabalhou no Facebook entre 2011 e 2017, e agora solta esse livro de memórias em que, basicamente, faz um ataque à empresa e a executivos que estão ou estavam no comando.
Sobre a obra, o Daily Beast destaca uma das histórias:
“A ex-COO do Facebook Sheryl Sandberg pediu a uma funcionária mais jovem para ‘vir para a cama’ e fez uma assistente gastar milhares de dólares em lingerie para ela”.
“A editora de Careless People manteve a existência desse livro de memórias em segredo até alguns dias atrás — e, como se vê, por bons motivos. A autora, Sarah Wynn-Williams, trabalhou no Facebook (agora chamado Meta), chegando ao cargo de diretora de políticas públicas globais. Ela escreveu um relato privilegiado sobre uma empresa que, segundo ela, era liderada por executivos egocêntricos e obcecados por status, que se ressentiam dos encargos da responsabilidade e se tornaram cada vez mais ineptos, mesmo enquanto o Facebook se tornava um vetor de campanhas de desinformação e se aproximava de regimes autoritários”.
Figura que revigora o rap e o pop a partir de letras que tratam de vulnerabilidade, feminismo e autenticidade em cima de produções frescas e potentes, Doechii está ganhando o mundo.
Tudo bem que ela já era rainha do nosso mundo aqui da MargeM, mas agora a Billboard colocou a Doechii como a Mulher do Ano.
E não só:
→ Ela fez uma nova versão de Anxiety, faixa originalmente de 2019.
→ A Lauryn Hill chamou a Doechii pra cantar Doo Wop (That Thing) em um show em Miami e falou: “A Doechii é a verdadeira rainha do hip hop”. Tá com pouca moral?
E temos playlist nova aqui da MargeM, com músicas de terraplana, Superafim, Marie Davidson, Julien Baker, Dina Summer e ++++.
As imagens desta newsletter são do David Bailey, fotógrafo que não apenas retratou como ajudou a fazer acontecer a Swinging London dos anos 1960. Mas não só: ele clicou de Mandela a Andy Warhol, e boa parte de seu trabalho feito na década de 80 está reunida no livro Eighties.
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→ O governo Trump montou uma estratégia de comunicação baseada em influenciadores em que eles “estão sempre no ataque, o tempo todo”.
→ Desenvolvido pela Flipboard, o app Surf é uma tentativa de transformar a navegação na internet menos dependente de algoritmos e IAs. (E já está integrado ao Bluesky.)
→ A terceira temporada de White Lotus ainda não me pegou, mas parece que sou exceção: a audiência da série está crescendo, com média de 12,2 milhões de espectadores por episódio, um aumento de 78% em relação ao desempenho da segunda temporada no mesmo período.
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→ Um passeio pela “verdadeira” Lumon Industries, da série Ruptura.
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