📹 Os cortes de vídeo invadem o audiovisual e a comunicação 📹
Estratégia para atrair audiência e engajamento está sendo usada por séries de streaming e gente como Jennifer Lopez, David Guetta e até o fundador do LinkedIn
Esta MargeM #275 está longa, mas acho que vale. E quero avisar que teremos uma mudança. A seção 10 Coisas que Amo / Odeio vai ficar restrita ao nosso perfil no Instagram. Alguns assinantes nos disseram que preferem receber a versão, digamos, clássica da MargeM, como esta aqui. Então vamos ficar assim.
As edições do 10 Coisas que Amo / 10 Coisas que Odeio contionuarão saindo toda segunda-feira, mas apenas no Instagram. Já fizemos com as ótimas Vanessa Rozan, Luana Maluf e Monique Malcher.
E, no nosso Spotify, montamos uma playlist especial do Primal Scream, que volta ao Brasil em novembro. Tem faixas da banda, de gente que influenciou a banda e de gente que foi influenciada pela banda.
📹 Quem faz podcast já percebeu que uma maneira de tentar ganhar audiência e engajamento é produzir cortes em vídeos de poucos minutos de duração. Uma frase polêmica, editada em poucos segundos, pode render milhões de visualizações a mais para um conteúdo em redes como TikTok, Instagram e YouTube Shorts.
Se essa estratégia realmente fideliza a audiência (e gera mais dinheiro) para o podcast é algo mais complexo – tem gente que acha que é prejudicial; tem gente que acha que é benéfico.
👉 O fato é que a criação de cortes em vídeo para atrair audiência e engajamento virou uma estratégia não apenas de podcasts, mas de praticamente toda a indústria do audiovisual e da comunicação.
E trabalhar com cortes de vídeo também já virou uma indústria. O Wall Street Journal ilustra a onda com o caso de Kanoah Cunningham, que largou o trabalho para se dedicar exclusivamente a editar cortes em vídeo. Bem, hoje ele comanda uma equipe de oito pessoas e ganha entre US$ 20 mil e US$ 30 mil por mês.
“Clipping (o ato de editar cortes de vídeo) é um dos segmentos mais populares do marketing atualmente. Em vez de postarem apenas em seus próprios perfis, creators e empresas pagam editores como Cunningham para saturar o TikTok e o Instagram com vídeos curtos até que fiquem praticamente impossíveis de ignorar. ‘A única maneira de ser famoso no mundo da internet hoje é com os cortes’, disse Cunningham”.
(Na política essa galera também está atuando forte. A CNN reporta que os editores de vídeos curtos “foram alguns dos veículos mais influentes da campanha presidencial de 2024”.)
Outro caso recente. Os produtores de uma sitcom na Comedy Central pagaram uma equipe para editar vários vídeos curtos a partir dos episódios do programa.
“A verba inicial de US$ 3 mil foi ampliada para US$ 15 mil; os editores publicaram 2.500 vídeos e alcançaram 40 milhões de visualizações no TikTok, Instagram Reels e YouTube Shorts.”
Este artigo que linkei acima conta a história de um cara que basicamente montou seu negócio de cortes de vídeos no Discord:
“O que lhe permite conectar marcas, séries, filmes e outros clientes com sua vasta rede de ‘clippers’: um grupo de 16 mil indivíduos entre 14 anos e início dos 20, sendo que a maioria deles está no final da adolescência”.
Os clientes dele?
“São diversos, abrangendo campanhas musicais para as três maiores gravadoras (Sony, Warner e Universal), estrelas como Jennifer Lopez, David Guetta e OneRepublic e até o fundador do LinkedIn, Reid Hoffman.”
No final de agosto, falamos aqui na MargeM sobre como os jornalistas estão tentando virar influentes, até mesmo com o empurrão dos próprios veículos nos quais trabalham.
Bem, a Wired é um desses veículos. A revista de tech (que faz parte da Condé Nast) está lançando a maior campanha de marketing de marca em muitos anos e...
“… para a diretora editorial global Katie Drummond, a campanha representa mais do que marketing. Ela encapsula sua estratégia de transformar os jornalistas da Wired em figuras reconhecidas nas plataformas, de outdoors ao TikTok, e usar a credibilidade delas para impulsionar o crescimento da audiência e as receitas.”
Uma das estratégias em que a Wired está investindo para fazer com que seus jornalistas virem influencers é: produzir muitos vídeos em que os jornalistas atuam como apresentadores e vozes relevantes.
Com mais de 430 milhões de assinantes, Jimmy Donaldson, mais conhecido como MrBeast, é a figura mais conhecida no YouTube.
Seu canal virou um negócio dos grandes: emprega 450 pessoas e alcança mais de 1 bilhão de visitantes únicos (segundo a própria empresa) a cada 90 dias em redes como YouTube, Instagram, TikTok e X. Assim, Mr.Beast fica livre para pensar em como transformar seu negócio
O problema: “No momento, porém, a Beast Industries está perdendo dinheiro. Foram três anos de prejuízos, incluindo mais de US$ 110 milhões em 2024”.
A solução: contratar um CEO.
Esta MargeM foi ao festival Artes Vertentes, montado em diversos locais de Tiradentes (MG) entre os dias 11 e 21 de setembro.
Produzido desde 2012, o Artes Vertentes já trouxe ao Brasil mais de 550 artistas e personalidades, de dezenas de países. Neste ano, o festival é parte da Temporada França-Brasil.
O evento já seria interessante apenas por unir e entrelaçar música, cinema, artes visuais e literatura, algo que a gente não vê muito por aí.
Mas a programação também se destacou ao abrir espaço para nomes que pouco aparecem no circuito nacional. É o caso do poeta e dramaturgo haitiano Jean D’Amérique. Ele é autor de, entre outros, Sol Descosturado, A Catedral dos Porcos e Ópera Poeira (ed. Ars et Vita).
🎭 História de uma jovem haitiana que resiste à colonização francesa e que por ela é morta, Ópera Poeira ganhou uma leitura encenada no festival, com Juçara Marçal interpretando a protagonista. Foi uma performance ao mesmo tempo intensa e lírica, muito bem amparada pelas projeções de Eder Santos e trilha de Kiko Dinucci. É um espetáculo que merece ser visto em outras cidades do país. 🎭
André Mehmari fez uma apresentação em que aproximou Thelonious Monk e Erik Satie. Mehmari emendava faixas dos dois como se fossem primas distantes – apesar das diferenças, conservam laços sanguíneos comuns.
⛪ Uma ótima sacada do festival foi ter usado algumas das históricas igrejas da cidade como sede de apresentações eruditas, em que piano, violoncelo e violino se revezavam para tocar peças de Ravel, Debussy, Villa-Lobos, Florence Price e até Henrique Alves de Mesquita, compositor que precisa ser mais lembrado pela sua contribuição em juntar influências europeias com a música afrobrasileira. ⛪
Tendo “Entre as Margens do Atlântico” como linha curatorial, o evento acertou ao chamar a cantora Fabiana Cozza. Com um show que celebrou a diáspora africana pelos diversos continentes banhados pelo Atlântico, foi uma escolha perfeita para um festival que cresce em importância ano a ano.
A MargeM foi a Tiradentes a convite da organização do festival.
Uma das iniciativas mais legais do mundo da música independente de São Paulo vai ganhar nova edição em outubro.
É o Circuito - Nova Música, Novos Caminhos. Nesta quarta temporada, o projeto reúne as bandas Pelados e Chococorn and the Sugarcanes e a cantora Nina Maia (que vai se apresentar com Francisca Barreto).
Os shows serão em 9/10 (Cineclube Cortina, SP), 10/10 (Asteroid, Sorocaba), 11/10 (Espaço GNU, Americana) e 12/10 (Coletivo Mangueira, Campinas). Mais infos aqui.
As imagens desta edição são da série Na Pele, o Silêncio, de Wanderson Alves, fotógrafo brasileiro que reside em Portugal, onde faz mestrado.
📷 A fotografia sempre fez parte da MargeM. Se você é fotógrafo(a) ou conhece alguém que seja e quer ter o trabalho exibido aqui na newsletter, envie um email para margemnewsletter@gmail.com. 📷
→ Você pode não saber quem é Carol Kaye, mas vale: ela já deixou, com o seu talento, gente como Paul McCartney de boca aberta. Este perfil mostra um pouco quem é esta musicista de 90 anos.
→ A própria Deezer revela que quase um terço das músicas colocadas em sua plataforma são totalmente geradas por IA (a empresa afirma receber mais de 30 mil faixas totalmente geradas por IA todos os dias).
→ O bilionário trumpista que em breve será o dono das notícias.
→ Jaden Smith virou diretor criativo da marca masculina de Christian Louboutin. Eles falaram com o NYT.
→ Lembra do podcast Wind of Change, que especulava que a música Wind of Change, do Scorpions, teria sido composta pela CIA durante a Guerra Fria? Pois os integrantes da banda falam que a história do podcast não é real, mas que eles estavam “sendo vigiados pela KGB”.







