Quando a vida de alguém vira conteúdo - sem consentimento
O drama dos filhos de influenciadores. Damos o devido valor ao YouTube? Os Stones em 1968. Nick Cave. E mais, nesta MargeM 232
No vasto universo de criadores, ambiente em que as pessoas acham que podem fazer qualquer coisa, um dos tipos mais problemáticos é o dos pais que usam filhos para criar conteúdo.
Fora as questões éticas (tipo usar a imagem de uma criança sem o seu consentimento, pra ficar apenas em um ponto), há o lado financeiro: a grana que os pais fazem com essas ações irá para a conta bancária do filho quando ele virar adulto?
Esta matéria (em inglês) conta a história de uma menina que era convocada pela família para participar de conteúdos para redes sociais. Ela diz:
“Às vezes, eu não sabia onde estava a separação entre o que era real e o que era montado para as redes sociais. Ser filha de uma influenciadora transformou o relacionamento com a minha mãe em algo mais próximo de um relacionamento entre empregador e empregado do que entre mãe e filha”.
Ainda faz sentido falar em conteúdos virais?
“Como o conceito de viralidade foi tão diluído, conteúdos verdadeiramente virais devem alcançar centenas de milhões de pessoas em uma escala cada vez mais inatingível para qualquer um que não seja o MrBeast.”
Veja só. A gente passa anos ouvindo que conteúdo se faz em vídeo, que vídeo é o formato do futuro (e do presente) e tal. Mas tá rolando uma nova tendência: “Creators estão recorrendo ao texto, em blogs e newsletters, para escapar dos algoritmos e construir uma comunidade fora das redes sociais”.
“Você não consegue as coisas mais legais do mundo imediatamente.” Taí uma frase que resume bem o mercado de luxo.
O YouTube vale, por baixo, uns US$ 400 bilhões, mais do que a Disney e a Comcast combinadas.
E este artigo argumenta que a gente não dá o devido valor à plataforma.
Concordo, e lembro aqui de uma MargeM em que escrevi sobre Like, Comment, Subscribe: Inside YouTube's Chaotic Rise to World Domination, livro que conta a história do YouTube, talvez a mais importante plataforma da internet.
Vale dedicar 50 minutos da sua vida para ouvir Herbie Hancock e Jaco Pastorius em Chicago em fevereiro de 1977.
Se não tiver tanto tempo: os Stones tocando Sympathy for the Devil em um programa de TV em 1968.
Adoro entrevistas com gente inteligente, por isso adoro as entrevistas do Nick Cave. Nesta aqui, ele fala abertamente sobre a morte de dois de seus filhos.
“Ele se sente culpado pela morte dos filhos? ‘Acho que é algo que as pessoas que perdem filhos sentem, independentemente da situação, simplesmente porque a única coisa que você supostamente não deve deixar acontecer é que seus filhos morram’. Ele faz outra pausa abrupta, quase como se estivesse ditando notas. ‘Esqueça isso. A única coisa que você supostamente deve fazer é proteger seus filhos’.”
Apenas um entre os 20 discos mais vendidos em 2023 (vendas físicas e por download) não é de um artista de kpop. (O intruso é 1989 - Taylor's Version, de Taylor Swift.)
As imagens desta edição da MargeM estão na expo ICP at 50: From the Collection.
→ Os creators ganharam seu próprio IMDb.
→ E o LinkedIn está virando uma rede atrativa para os criadores.
→ A IA realmente está invadindo os sistemas de busca.
→ Parece ficção científica, mas cientistas estão trabalhando para que vire realidade: um mundo em que cada um terá o seu “digital twin”.
→ 15 anos de Grindr: "A plataforma é regularmente criticada como fonte de racismo, gordofobia, depressão e distúrbios alimentares. Ao celebrar o seu 15º aniversário, vemos como mudou a cultura gay, para melhor e para pior"; e "Para muitos usuários jovens, o Grindr atua como o primeiro vislumbre do 'mundo gay' antes que eles possam visitar um bar gay ou fazer amigos gays".
→ Jovens estão ficando cansados de apps de namoro?
→ A história do GMail, que mudou para sempre como nos comunicamos.
→ Os 25 móveis mais emblemáticos dos últimos 100 anos.
sempre fico incomodado com conteúdos envolvendo crianças, principalmente os que viralizam, muito por acreditar que elas não fazem ideia da proporção que as coisas podem tomar.
Há uns bons anos, LinkedIn dividia com o TripAdvisor o posto de rede social mais tosca. Melhorou muito.