Você é a favor de um "Bolsa Família para as artes"?
Programa na Irlanda que oferece renda mensal para artistas é um sucesso. E o YouTube vai tomando conta de tudo
Além desta newsletter, a MargeM Content produz conteúdos em outras plataformas. No Instagram, temos seções como a 10 Coisas que Amo / Odeio e a 3 Perguntas Para.
No Spotify, montamos playlists como esta sobre trip hop, uma homenagem ao Massive Attack, que vem fazer show no país.
Vamos a esta é a MargeM #278. Boa leitura!
Já escrevi aqui, mas não canso de repetir: o YouTube é a plataforma que melhor define o mundo digital como o conhecemos. É a maior “invenção da era da internet”. O melhor negócio já feito neste século foi feito pelo Google, quando comprou o YT em 2006, um ano após a estreia do site. O YouTube, à época, tinha apenas 67 funcionários; hoje tem mais de 7.100.
“Se você quer entender como funcionam a economia dos criadores, a dinâmica da influência, a viralização de conteúdos, o nascimento de micro e macro celebridades, enfim, basicamente quase tudo o que envolve cultura digital, é preciso entender como funciona o YouTube”, escrevi em uma MargeM de outubro de 2022, quando comentava este livro espetacular que conta a história da plataforma.
Bem, e o site não para de crescer. Um exemplo disso está na reportagem “O YouTube acabou de devorar a TV. E está apenas começando”.
Faz tempo que o YouTube deixou de ser uma plataforma que servia para os usuários postavam conteúdos em vídeo. Hoje abriga transmissões da NFL, do Brasileirão e da Copa do Mundo, entre vários outros eventos esportivos. Não à toa a Globo decidiu criar a sua GE TV para concorrer com a Cazé TV.
Trecho da reportagem linkada pouco acima:
“Durante os últimos 20 anos, o YouTube tornou-se uma força dominante na mídia, o centro de uma ampla variedade de gêneros, que vão de talk shows e comédia a gastronomia e produções não-roteirizadas. Mas o prêmio maior para a plataforma de vídeos seria conquistar as outras horas que as pessoas passam assistindo televisão, e há sinais de que o YouTube está perto de um avanço nesse sentido.
O esporte, liderado pela NFL, é a fronteira final que o YouTube ainda precisa conquistar. A plataforma está prestes a absorver os gêneros que ajudaram a definir os últimos cem anos da TV.”
A receita anual do YouTube bate nos US$ 50 bilhões, e uma parte dessa grana é distribuída entre os 3 milhões de creators que estão no Partner program da plataforma.
Ainda nessa discussão: “Tudo é TV”, afirma o Derek Thompson, que recentemente publicou este livro junto com o Ezra Klein.
A premissa do artigo dele é a seguinte: Tudo o que ainda não é televisão está se tornando televisão.
“Desenvolver produtos de IA ‘responsáveis’ que visam fortalecer artistas e compositores.”
Esse é o objetivo declarado do Spotify no anúncio de uma parceria que reúne as gravadoras Warner, Sony e Universal, além da empresa de licenciamento Merlin e da Believe, que oferece diversos serviços a artistas. (Em português: aqui, aqui e aqui.)
Ainda não foram divulgadas infos sobre como essa parceria vai funcionar na prática, mas há alguns indícios:
“Há planos para criar um laboratório de pesquisa e uma equipe de produtos focados em IA generativa, com o objetivo de desenvolver tecnologias alinhadas à sua missão. Ela delineia quatro áreas de foco: firmar parcerias com gravadoras, distribuidoras e editoras para desenvolver produtos voltados a artistas e fãs mediante acordos prévios; oferecer a artistas e detentores de direitos a possibilidade de aderir ao uso de ferramentas de música generativa; criar produtos que gerem novas fontes de receita; e fortalecer a conexão entre artistas e fãs por meio de ferramentas de IA.”
“A missão da Equator é segurar um espelho diante de um público global de leitores e escritores que ainda não se reconhecem como parte de um mesmo coletivo. Todos nós já tivemos intuições de nossas identidades e afinidades sobrepostas, de nossa participação em uma história global compartilhada, mesmo enquanto seguimos separados por nacionalismos estreitos e culturas jornalísticas paroquiais. Para nós, o tão proclamado ‘fim do Ocidente’ não é o fim do mundo; a época que se anuncia está repleta da promessa de novas iluminações, de novos horizontes para a ação e a imaginação humanas.”
Esta é a Equator, nova revista em língua inglesa que pretende cobrir, com um olhar global, “política, cultura, literatura e arte”.
O que acha de um “Bolsa Família para as artes”?
É o seguinte. A renda básica universal é falada há tempos, mas já temos programas semelhantes, obviamente menores em escopo, rolando no mundo. Um exemplo: a Renda Básica para as Artes criada na Irlanda.
Existe há três anos. Os artistas inscritos no programa recebem 325 euros por semana.
E o programa é um sucesso – tanto que deixou de ser temporário para virar algo permanente.
“O anúncio segue-se à divulgação de um relatório externo, elaborado pela consultoria britânica Alma Economics, que constatou que o projeto-piloto custou 72 milhões de euros até o momento, mas gerou quase 80 milhões de euros em benefícios totais para a economia irlandesa. O relatório também apontou que a renda média dos beneficiários proveniente de atividades artísticas aumentou em mais de 500 euros por mês, enquanto a renda de trabalhos não artísticos diminuiu cerca de 280 euros, e a dependência de outros programas sociais caiu, com os participantes recebendo, em média, 100 euros a menos por mês desses auxílios.”
Mais:
“‘O retorno econômico desse investimento nos artistas e trabalhadores das artes criativas da Irlanda está tendo um impacto positivo imediato no setor e na economia como um todo’, disse Patrick O’Donovan, ministro da Cultura, Comunicações e Esporte. O relatório também estimou que um programa permanente, em ‘escala ampliada’, provavelmente resultaria em um aumento de 22% na produção artística, ao mesmo tempo que reduziria o custo médio da arte para os consumidores entre 9% e 25%.”
Esta outra matéria é reveladora. Traz depoimentos de escritores e artistas visuais que participam do programa. Uma delas conta:
“Ao longo dos anos, trabalhei em bares, hotéis, lojas e feiras para conseguir escrever. Com menos insegurança financeira, pude pagar e ter acesso com mais facilidade ao apoio necessário para a minha saúde mental. Fiquei grávida inesperadamente cerca de meio ano depois, e a Renda Básica significou que eu poderia escolher ter um filho sem a mesma instabilidade financeira e sem o medo de precisar abandonar o trabalho criativo.”
As imagens desta newsletter estão em “Coreen Simpson: A Monograph”, livro da fotógrafa Coreen Simpson.
📷 A fotografia sempre fez parte da MargeM. Se você é fotógrafo(a) ou conhece alguém que seja e quer ter o trabalho exibido aqui na newsletter, envie um email para margemnewsletter@gmail.com. 📷
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bolsa familia para as artes? sim, sou a favor. parte da verba destinada em programas como na lei rouannet que não são usadas em sua totalidade poderiam fomentar essa bolsa. lembrando que verbas como essa viriam de isenção fiscal.