YouTube, Spotify, podcasts e golpes
Como o YouTube está devorando os podcasts. Golpistas no Spotify. A Kate Nash vai ao OnlyFans para financiar uma turnê. Os apps de relacionamento: sim ou não? E mais, nesta MargeM 246
Golpes usando inteligência artificial pipocam em praticamente todas as plataformas digitais. Até no Spotify. Recentemente, o perfil oficial de diversos artistas está sendo invadido por discos e músicas falsos, que não foram feitos por eles.
Artistas estão reclamando que a plataforma demora para retirar os arquivos enganosos. Mas talvez isso ocorra porque o Spotify esteja com a atenção voltada para outro assunto: a criação de ferramentas de vídeo para criadores. É uma jogada para tentar abocanhar parte de um mercado dominado pelo YouTube.
“O Spotify está apostando ainda mais em vídeos e trazendo criadores para acompanhar essa jornada. A gigante do streaming abriu as portas de seu campus em Los Angeles, para o evento ‘Now Playing’. Durante as cinco horas do evento, exclusivo para convidados, foram revelados e detalhados os planos para novas ofertas de vídeo e monetização, além de uma nova plataforma chamada Spotify for Creators. As apresentações foram conduzidas pelo fundador e CEO, Daniel Ek, e pelo co-presidente, diretor de produto e diretor de tecnologia, Gustav Söderström.
A empresa chamou a ocasião de ‘a maior atualização de podcasts no Spotify de todos os tempos’.”
Ainda em Spotify, a empresa alcançou um valor de mercado de US$ 92 bilhões. Se até uns dois anos atrás a maior gravadora do mundo, a Universal, tinha um valor de mercado TRÊS VEZES superior ao da plataforma de streaming, hoje o jogo mudou. A Universal vale US$ 44 bi, menos da metade do Spotify.
Fundador do Spotify, Daniel Ek aproveitou o momento de alta e vendeu o equivalente a US$ 35,8 milhões em ações do Spotify. Já o co-fundador da companhia vendeu US$ 383 milhões em uma só tacada.
Quando dissemos acima que o Spotify quer se posicionar como uma plataforma amiga dos criadores, muito disso é consequência do domínio do YouTube em diversos nichos. Um deles é o de podcasts.
A NY Mag publicou um artigo extenso sob o título explicativo “Como o YouTube devorou o podcasting”.
O autor reconhece que a audiência dos podcasts é fragmentada, que poucos programas ganham muita grana etc., mas argumenta que não dá mais para dizer que podcast seja um formato de áudio.
E o responsável por essa mudança de paradigma é o YouTube.
Um estudo nos EUA mostra que a plataforma do Google é a principal utilizada para ouvir/ver podcasts. E, quanto mais jovem a pessoa, maior a probabilidade de ela usar o YouTube para consumir podcasts.
Diferentemente do que diz o senso comum, podcasts não são o “novo rádio”; estão mais para a “nova TV”.
O YouTube facilita o uso de cortes, em que pequenas e atrativas partes de um podcasts são compartilhadas nas redes sociais. Principalmente no TikTok, que é uma plataforma de vídeo.
Então quando a gente falava há um tempo, inclusive aqui na MargeM, que as redes sociais como as conhecíamos estavam morrendo, virando plataformas de distribuição de conteúdo, isso acabou sendo beeeeem positivo para os podcasts. Cortes espertos de vídeos passaram a ser consumidos e compartilhados nas redes, e seus usuários, redirecionados para o YouTube.
O artigo cita novamente um estudo que revela que, em 2023, a maioria dos jovens nos EUA conheceu um podcast por meio de um conteúdo curto de vídeo que havia sido compartilhado em rede social.
Com esse cenário, o artigo afirma que a tendência é que muitos podcasters vão passar a atuar como YouTubers e TikTokers.
Não se faz mais músicas de amor como antigamente?
Muita gente (mais velha) diz isso. Esta ótima reportagem visual foi investigar.
A situação no mercado da música.
A Kate Nash, cantora que não começou ontem (dona do ótimo hit Foundations, ela já fez shows no Brasil em 2011 e 2013), contou que vai usar a grana que arrecada postando fotos no OnlyFans para bancar uma turnê.
“Sob o slogan ‘Butts for tour buses’ (Bumbuns para ônibus de turnê), a musicista anunciou na quinta que sua renda no OnlyFans subsidiará seus shows porque 'as turnês geram perdas e não lucros. ‘Também acho que é um pouco de protesto punk, como mulher, assumir o controle do meu corpo e vendê-lo para poder financiar meu projeto de paixão, que na verdade é minha carreira há 18 anos. Quero destacar isso e quero que as pessoas falem sobre isso e que saibam a verdade sobre o que está acontecendo no mercado musical’.”
Os apps de relacionamento são um sucesso? Ou uma decepção?
Ou as duas coisas?
Cheguei a uma matéria que pergunta “Onde estão as histórias de amor inspiradas em aplicativos de namoro?”.
“A maioria dos casais hoje em dia se conhece online, mas os aplicativos de namoro estão curiosamente ausentes das histórias românticas no cinema, na TV e na literatura.”
Já a Gama vai em sentido diferente. A revista colheu diversos depoimentos e pergunta: “Por que muita gente está desistindo dos apps de relacionamento?”.
“Eu encontrava pessoas que queriam coisas muito rápidas e corridas, só que eu sempre gostei de conversar bastante com alguém antes de sair pra um date.”
Como é a vida dos chefs que largam postos em restaurantes para trabalhar exclusivamente para milionários do Vale do Silício?
Eles ganham bem, mas têm de engolir vários sapos.
“Até algo tão simples como preparar chá pode se tornar um desafio. Para um cliente, a água precisava ser aquecida a 83 graus, depois resfriada para 50 graus antes de colocar o chá. O chá deveria ser infusionado por 3 minutos e 15 segundos, e a xícara resfriada a 21 graus para servir.”
Saiu mais uma playlist MargeM e, olha, sou suspeito, mas esta está bem boa. Muita coisa nova e um classicaço.
As imagens desta edição estão na retrospectiva que a Time fez com as melhores fotos do ano. Selecionei aqui as que têm a ver com o Brasil.
→ A ascensão do Bluesky e a fragmentação das mídias sociais.
→ O New York Times fez este ótimo perfil do Substack, plataforma de newsletters (incluindo esta MargeM) que ainda não é lucrativa. Entre outras coisas, conta que, em abril de 2023, Elon Musk tentou comprá-la.
→ Tecnologia e solidão: “Pesquisadores descobriram que tecnologia e solidão estão interligadas, alimentadas pelas formas como interagimos com as redes sociais, mensagens de texto e maratonas de séries”.
→ A partir de imagens roubadas de criadores de conteúdo adulto, tem gente inundando as redes sociais com influenciadores gerados por IA.
→ Isabella Rossellini: “As pessoas nunca falam sobre a liberdade e a leveza que vêm com o envelhecimento”.
→ Courtney Love: “Eu adoraria trabalhar com Kendrick Lamar – ele é sem dúvida o melhor letrista de hip hop de todos os tempos”.
→ Saiu uma biografia do grande MF Doom. (E tem este vídeo com a apresentação em que Erikah Badu e Madlib homenagearam o rapper.)
→ Os 10 melhores sets de Andrew Weatherall.
→ Este belo texto me fez reouvir Wish You Were Here, o excelente disco do Pink Floyd.
→ A promessa do Duolingo. “O app de aprendizado de idiomas não vai te tornar fluente, mas talvez esse não seja o ponto principal.”
→ “Escrevo um diário todos os dias desde os 14 anos. O que isso diz sobre mim?”.
eu tinha esquecido que a kate nash existe. do nada botei pra tocar por causa da news e sabia a letra inteira de cor - desbloqueei tantas memórias que me assustei!!!!!!
Eu fui ler a matéria completa dos chefs. A capacidade do ser humano de ser babaca é realmente infinita.